O tempo
atenuou as feridas do impacto da tua morte. Gostava eu de ter amnésia para
esquecer o que não quero lembrar. Memórias só quero ter tuas, dos nossos
momentos, da tua alegria. Não da tua morte. Mas por algum tempo era apenas o
que me conseguia lembrar, uma e outra vez mais, como tortura. Sempre que
pensava em ti era isso que me lembrava.
No silêncio
imaginava-te aqui outra vez, animado como sempre eras, com essa alegria
contagiante. Por momentos apaziguava o coração, acalmava a mente. Mas depois
voltavam os longos suspiros, silenciosas lágrimas, procurando algum alento nas
memórias dos sorrisos, do riso, dos bons momentos contigo.
Estive no
fundo, bem lá no fundo. Pensei que não conseguisse voltar à minha vida normal, que
não conseguisse parar de me lembrar da tua ausência e que isso fosse mais forte
de tudo na minha vida.
Depois fui
recuperando, passei a habituar-me a não estares aqui. Parecia que estavas numa
longa viagem à volta do mundo. Ah… como gostavas de viajar, de conhecer novos
lugares… planeávamos as nossas futuras viagens, quando fosse mais velha.
Fazias-me imaginar, soltar a minha criatividade, ter ideia que podemos ir para
todo o lado se existir mesmo intenção de o fazer, porque mesmo que haja algum
obstáculo, encontra-se uma solução. Improvisa-se. Vive-se.
Foste uma
inspiração para mim, um exemplo de como poderia viver no futuro, as mil e uma
coisas que poderia fazer, o quanto me podia divertir, desafiando-me a mim
própria.
Sozinha
chorei, recordei, refleti. Chorei outra vez e uma vez mais. Desacreditei que
poderia esquecer o que aconteceu, não sabia como reagir, o que dizer nem o que
fazer. Algumas vezes, pus um sorriso na cara. Era falso, uma máscara para não
explicar o que sentia. Eu própria não sabia bem, aliás evitar falar desse
assunto era o melhor. Não falar para tentar esquecer por algum tempo, para não
encarar a realidade e desabar em frente às pessoas. Sempre preferi
resguardar-me, evitar choros e lamechices em público. Pensava que ao ser
emocional, mostrava o meu lado mais frágil e ficava mais suscetível a que me
magoassem.
Depois de tudo
o que aconteceu, aprendi, cresci, passei a dar importância a coisas que nunca
tinha dado, a mostrar mais os meus sentimentos.
Onde quer que
estejas, gostava que me visses e tivesses orgulho em mim. Gostava de o ouvir,
mas já que não é possível, prefiro acreditar que continuas por aí, que não me
deixaste, que mesmo longe e sem contacto contigo, posso agarrar-me à ideia que
não estando presente fisicamente, continuas presente na minha vida.
Assim, posso
seguir o meu caminho, mas sei que para onde quer que vá, tu em silêncio vais lá
estar.
Que bacana seu blog!!!Seguindo...http://www.mybeautyandsoul.com.br/
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