quarta-feira, 20 de abril de 2016

"Politiquices" de esquerda

        As últimas notícias dão-nos conta de mais uma medida política que merece reflexão, não porque seja deveras importante em si mesma, mas porque lhe estão a dar esse destaque. Em causa está a proposta do Bloco de Esquerda na alteração do nome do Cartão de Cidadão. Em vez deste nome, deveria ser, segundo eles, adotado a designação de "Cartão de Cidadania".
      Quando ouvi falar sobre esta medida, confesso que a primeira palavra que me veio à mente foi "ridículo". Fiquei surpreendida por uma medida destas sequer ter estado em discussão no Parlamento. É algo tão insignificante. No entanto, o Bloco de Esquerda acha que é muito mau chamar-se "Cartão de Cidadão", porque se trata de um documento de identificação. Por isso, não pode ter uma formulação masculina, pois assim existirá discriminação em relação às mulheres, indo portanto contra a igualdade de direitos de ambos os sexos.
    Mas o que é que isso vai mudar efetivamente na vida dos portugueses ou na sua mentalidade? Isto é o que é fundamental refletir. Numa sociedade, passa-se por um processo de mudança de mentalidades que vai ocorrendo ao longo dos tempos. Esse processo não é nada fácil e é, aliás, bastante demorado. Ora, não é com uma simples medida destas que se vai findar a discriminação que as mulheres continuam a sofrer. Para quê mudar o nome de algo, quando não se muda, de todo, o que os indivíduos pensam sobre determinado assunto?
      Devia-se, obviamente, passar das palavras às ações. Depois de esta medida ser aprovada, tudo continuará igual, à exceção da ilusão momentânea que os membros do Bloco de Esquerda querem fazer passar: que vamos ter uma sociedade mais justa e igualitária, que promove a não discriminação das mulheres. Assim, sentirão a satisfação de dever cumprido! (Pensando que fizeram realmente uma grande coisa). Como se isso resolvesse problemas realmente graves, por exemplo a violência doméstica que muitas mulheres sofrem, grande parte delas em silêncio, desejando ter uma maior proteção legal, mas que chega tarde ou nem sequer chega. Continua a ser-se demasiado brando com quem maltrata as mulheres, com quem as trata como objeto sexual, etc., achando que elas são inferiores. O elo mais fraco. Soluções reais para este tipo de problemas os deputados não resolvem. Apenas andam, muitas vezes, com "politiquices" que nada melhoram a qualidade de vida dos portugueses, nem nomeadamente das mulheres. Muitas palavras, muita teoria, mas pouco se vê na prática, em ações realmente decisivas para a mudança da vida em sociedade, a vários níveis.
    Não seria mais importante preocuparem-se com este tipo de assuntos referidos anteriormente ou com a educação e a saúde que necessitam de reformas estruturais, em vez de avançarem com "propostazinhas" que não deveriam passar de conversa de café, em vez de ser discutidas na Assembleia da República?
     Realmente, perdendo o rumo do que é essencial, dispersando-se por caminhos irrelevantes, torna-se difícil melhorar o estado do país e promover, consequentemente, o progresso e o bem-estar social. Enfim... 

           

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