sexta-feira, 26 de agosto de 2016

"(...) mas hoje não é o dia. "

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Papel e caneta. Foi tudo o que precisei. É tudo o que preciso agora. Vou pela estrada fora, meia aluada e a tua imagem insiste em permanecer na minha mente. Queria conseguir dizer-te tudo o que sinto e no final esquecer-te de vez mas não é assim tão simples.  Por ti tudo, sem ti nada, é o que sinto. Chama-me cega e eu direi que foste a coisa mais bonita que vi na minha vida.
  Se u
m dia conseguisse expressar o que sinto ? Provavelmente diria que gosto de ti, tanto e gostava que um dia alguém tivesse o poder de gostar de mim como eu gosto de ti. Diria que mexes comigo de uma maneira inexplicável e que só eu sei como o meu corpo reage quando te avisto. Diria que é bom gostar assim de alguém mas também te diria que só é bom se for correspondido porque de outra maneira dói e sentes-te sufocada porque tudo o que queres é que dê certo e tu pedes todos os dias para que resulte, para que tenhas uma oportunidade porque tens consciência que podes ser e fazer feliz. Pedes com muita força para que não seja mais um desgosto e que no meio de tudo, tenhas a sorte de seres amada pela pessoa por quem estás perdidamente apaixonada. Diria também para nunca parares de te mimar e acima de tudo para te amares, para te amares muito e nunca tenhas medo de mostrares o que vales, acredita em ti como eu acredito. Quero muito que sejas feliz e se não for comigo, que seja com alguém que te mereça e saiba cuidar de ti como ninguém, que tenha noção que como tu não há e que pelo menos tente amar-te tanto como eu te amo, se for possível.
  Queria dizer-te tudo isto e no final esquecer-te de vez mas hoje não é o dia.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Memórias

O tempo atenuou as feridas do impacto da tua morte. Gostava eu de ter amnésia para esquecer o que não quero lembrar. Memórias só quero ter tuas, dos nossos momentos, da tua alegria. Não da tua morte. Mas por algum tempo era apenas o que me conseguia lembrar, uma e outra vez mais, como tortura. Sempre que pensava em ti era isso que me lembrava.
No silêncio imaginava-te aqui outra vez, animado como sempre eras, com essa alegria contagiante. Por momentos apaziguava o coração, acalmava a mente. Mas depois voltavam os longos suspiros, silenciosas lágrimas, procurando algum alento nas memórias dos sorrisos, do riso, dos bons momentos contigo.
Estive no fundo, bem lá no fundo. Pensei que não conseguisse voltar à minha vida normal, que não conseguisse parar de me lembrar da tua ausência e que isso fosse mais forte de tudo na minha vida.
Depois fui recuperando, passei a habituar-me a não estares aqui. Parecia que estavas numa longa viagem à volta do mundo. Ah… como gostavas de viajar, de conhecer novos lugares… planeávamos as nossas futuras viagens, quando fosse mais velha. Fazias-me imaginar, soltar a minha criatividade, ter ideia que podemos ir para todo o lado se existir mesmo intenção de o fazer, porque mesmo que haja algum obstáculo, encontra-se uma solução. Improvisa-se. Vive-se.
Foste uma inspiração para mim, um exemplo de como poderia viver no futuro, as mil e uma coisas que poderia fazer, o quanto me podia divertir, desafiando-me a mim própria.
Sozinha chorei, recordei, refleti. Chorei outra vez e uma vez mais. Desacreditei que poderia esquecer o que aconteceu, não sabia como reagir, o que dizer nem o que fazer. Algumas vezes, pus um sorriso na cara. Era falso, uma máscara para não explicar o que sentia. Eu própria não sabia bem, aliás evitar falar desse assunto era o melhor. Não falar para tentar esquecer por algum tempo, para não encarar a realidade e desabar em frente às pessoas. Sempre preferi resguardar-me, evitar choros e lamechices em público. Pensava que ao ser emocional, mostrava o meu lado mais frágil e ficava mais suscetível a que me magoassem.
Depois de tudo o que aconteceu, aprendi, cresci, passei a dar importância a coisas que nunca tinha dado, a mostrar mais os meus sentimentos.
Onde quer que estejas, gostava que me visses e tivesses orgulho em mim. Gostava de o ouvir, mas já que não é possível, prefiro acreditar que continuas por aí, que não me deixaste, que mesmo longe e sem contacto contigo, posso agarrar-me à ideia que não estando presente fisicamente, continuas presente na minha vida.
Assim, posso seguir o meu caminho, mas sei que para onde quer que vá, tu em silêncio vais lá estar.

sotick:
“ You were hiding in me.
”


Inconsolável. Talvez seja esse o termo. Desiludida, angustiada, até mesmo perdida. Sei que bati no fundo e não vejo saída. Dói, dói tanto e é precisamente nestas situações que metes em causa tanta coisa mas principalmente perguntaste a ti mesma se vale a pena, valerá? Bater no fundo por alguém, valerá a pena? Talvez não, mas em grande parte dos casos é tão involuntário e contraditório. Não te ter é não me ter e acho que é por isso que magoa tanto.
    "A vida segue em frente" ou " Dá tempo ao tempo" são as expressões que mais ouves e dito assim parece fácil, aliás, fácil demais mas não é e cada dia que passa o vazio que sentes aumenta e tu não sabes explicar porquê, falta-te as palavras e a tua mente? Bem , a toda a hora sentes um martelar, que incomoda e que é cada vez mais forte e aquela pessoa é a tua única direção e por mais que peças para parar de doer, quando o que mais pedes é para esqueceres e seres feliz , mais dói e aqueles pensamentos insistem em não ir embora , permanecem sempre para te lembrar o quanto é fácil saíres magoada e do quanto sofremos por amor, por alguém, pela pessoa que julgamos ser o amor da nossa vida e que sabes que igual não há porque existe química, há choque, atração mas isso não chega, não é suficiente e não é por falta de amor que não dá certo, às vezes até é por excesso dele.
   Os dias passam e tudo o que queres é que passem rápido , que vão passando e com o tempo aprendes a sobreviver e vais ter muitos dias duros e de luta constante contigo própria. Valerá a pena?
  Começas a aperceber-te que as culpas que antes te atribuíste pelo fracasso, pelo insucesso deste amor não tenham sido inteiramente tuas, que aliás, tantas vezes tentaste remar contra a maré sozinha. Dói, continua a doer, vai atenuando mas quase não reparas porque a presença daquela pessoa vai sempre relembrar-te a dor que te causou e continua a causar e tu simplesmente voltas a bater no fundo.
  Acaba por chegar o momento, o momento em que dizes BASTA e que tentas refazer a tua vida, que tentas aproveitar o que a vida tem de melhor para dar , finalmente cais em ti e percebes perdeste demasiado tempo com alguém que não teve o poder de te amar, de te valorizar como merecias, alguém que deu faísca mas tu é que saíste queimada e aí aprendes a cair e logo de seguida a recompores-te, sorris para o mundo mesmo que a vontade seja nula mas sabes que é nesse momento que começas a fortalecer-te. É um processo que demora, reconstruires-te e deixares todos os pensamentos para trás demora, mas é recompensador no final porque se a dor que um dia sentiste te tornava vulnerável, hoje só te ajuda a ficares mais forte e tu sentes que tens a oportunidade de poderes voltar a tentar ser feliz.
  Um conselho ? Não sejas feliz em função dos outros ou de alguém, primeiramente sê feliz em função de ti mesma e vive a vida, mas VIVE mesmo e lembra-te, não foste tu que perdeste alguém, esse alguém é que te perdeu.

sábado, 13 de agosto de 2016

Dicotomia amar vs não ser correspondido

  Quantas vezes gostaríamos de ouvir a palavra “amo-te” ou simplesmente “fica, quero-te perto de mim”? Isso, por vezes, seria a única coisa que precisaríamos de ouvir num momento de felicidade ou principalmente quando estamos no fundo do poço. Poço esse que contém mágoas, que vêm a superfície irromper com a harmonia presente na nossa vida, destruindo-a em mil pedaços que outrora constituíam o nosso ser.
   Eu, mestre da loucura, busco incessantemente alguém que me ame, me compreenda, cuide de mim como se a sua vida dependesse disso… perdesse o sentido se eu não estivesse por perto.
  Chego à conclusão que não sei se é melhor amar ou deambular por um caminho desconhecido, à procura de um rumo para findar o sofrimento que marca os meus dias, infinitos e assombrosos pois não sou amado.
   Deixei de amar a vida, mas não deixei de te amar… não deixei de pensar em ti, não deixei de achar que poderias ser a solução para o estado de inércia que me carateriza. Mas tu nem sequer reparas no amor que sinto por ti, pois não? Será que sentes algo mais por mim?

   Procuro respostas… não as encontro… quero-te dizer o que sinto, mas e se a minha dor aumentar ainda mais, depois de perceber que navegava num barco sem rumo, que não me levava a um lugar seguro? Pois, o meu problema foi e continua a ser esse: percorrer um mar de ilusões e melancolia.
   No entanto, sem te dizer o que sinto, a incerteza permanece forte como nunca, porque não sei o que pensar, sentir ou fazer… libertem-me deste sufoco que me impede de ser feliz!
  Amar ou não amar? Digo que te amo ou não digo? Isto nem deviam ser perguntas plausíveis … quem não quer amar as pessoas por quem sente admiração e, ao mesmo tempo, dizer-lhes que são importantes para nós? Mas se é para viver assim, sempre com esta dor que nunca mais cessa, é preferível desistir de amar e deixar de demonstrar esse sentimento. Para quê amar e não ser correspondido?
   Amar pelos vistos não combina com o meu estado de espirito, com a minha vida.
  Vai, desaparece, não voltes… faz com que isto que eu sinto, que é algo indecifrável desvaneça, se torne indolor, como se nada tivesse acontecido.
   A dúvida permanece sempre, nada está concertado, no desconcerto que é o meu mundo…


quinta-feira, 11 de agosto de 2016

A Alquimia do Amor de Nicholas Sparks

   Esta é mais uma obra de Nicholas Sparks, um autor que ganhou um lugar cativo nos corações das pessoas que se deliciam com uma história de amor. Românticos incuráveis.
   Este livro não foge a esse tipo de romance. Apesar de não ser aquele género de livros que nos faz refletir profundamente sobre um certo tema, este tem algumas ideias que se deve prestar atenção.
   A reflexão começa exatamente ao ler o subtítulo “o que somos, afinal, sem as nossas recordações, sem os nossos sonhos?”. Este é o ponto de partida para o desenvolvimento da trama. Como é que conseguimos viver sem memórias, sejam elas boas ou más e sem objetivos? A vida não significaria muito se não quiséssemos alcançar mais do que temos, se não quiséssemos mudar o que quer que fosse para conquistar algo.

  É exatamente isso que o personagem principal, Wilson, quer para si, tem um novo objetivo: recuperar o seu casamento.
   No prólogo, damos conta que este é uma pessoa pouco sentimental, dominado maioritariamente pela razão, pela responsabilidade de sustento da sua família. Profissional e dedicado ao seu emprego. No entanto, para ser um bom advogado acabou por deixar a família para segundo plano, refletindo-se não só no seu relacionamento, como também na relação com os filhos. Constata-se que a personagem se apercebe disso quando se esquece do aniversário de casamento.
   Ao longo dos capítulos, além de ser contado aquilo que está a acontecer no presente, o narrador, Wilson, recorda alguns momentos da sua vida, passada com Jane, a sua esposa, ou com os filhos e o seu sogro, Noah.
  Assim, o leitor vai tendo noção da evolução das personagens devido às circunstancias da vida, principalmente a de Wilson, que vai mostrando que quer cada vez mais estar feliz com Jane como era no início da sua relação.
   Para isso, ele vai tentar aos poucos ter vários gestos gentis para com a sua esposa, para esta se sentir mimada e acarinhada. Estes gestos não são rapidamente compreendidos devido ao afastamento que Wilson foi demonstrando ao longo dos anos.
   Entretanto, um acontecimento contribui para o objetivo de Wilson: o casamento da sua filha Anna. Este vai ajudar arduamente nos preparativos para mostrar que agora está a 100% envolvido na vida dos filhos e de Jane e vai surpreender todos com a sua mudança, conseguindo fazer com que a sua amada volte a acreditar que ele realmente a ama.
   Em suma, este livro faz-nos acreditar que uma grande mudança é possível. Além disso, evidencia que é fácil magoar os que amamos, mas é mais difícil sarar as feridas que lhes causamos. Duas pessoas podem voltar a apaixonar-se mesmo depois de vários erros, se existir esforço de ambas as partes.
     Termino com a ideia de que às vezes não é preciso ser um verdadeiro romântico, o que interessa é não deixar de tentar, é reinventar-se todos os dias. Afinal o amor é uma luta diária!

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Não entendo

És das pessoas mais importantes para mim. Ora porque te preocupas comigo, porque tens paciência para mim e para os meus mil e um problemas e devaneios, ora porque és incansável fazendo tudo para me ver feliz.
        Se me amas? Sim, sem dúvida. Se me queres? Claro que sim. Se terás paciência para me aguentar? Não sei, provavelmente não.
     Tenho medos, tenho receio de te perder. Não estou bem. Comigo e com o mundo em geral.
   Perdida, tenho dificuldade em controlar as emoções, em conseguir tranquilidade para enfrentar os constantes desafios. Necessidade de desabafo, de liberdade da alma e da mente.
      Passo por vários estados de espírito rapidamente. Por momentos estou animada e noutros bem… triste e frustrada.
     Frustrada por não conseguir realizar o que desejaria, frustrada porque penso que nada me corre bem, frustrada porque não me compreendo. Não entendo o que sinto.  

terça-feira, 5 de julho de 2016

(...) fossem todos os erros assim.



Olhei-te mas não te vi. Reparei em ti mas não me passou pela cabeça apreciar-te. Sei que me olhaste, não sei o que viste. Hoje, olho-te com olhos de ver e questiono-me como nunca te tinha visto antes. Estava cega, completamente cega. 
  Vejo-te e quando me olhas o meu corpo reage. Começa pelos arrepios,o frio perturbador na barriga e logo a seguir a vontade incontrolável de te ter, de te sentir, de me pertenceres. Chamem-me louca mas trocava os dias pelas noites passadas contigo. Fazia cada minuto valer a pena e por 5 minutos contigo podia fazer horas de viagem. Deixas-me assim e nem há explicação.
   Caí no erro de te ver , de te apreciar , de deixar que tu tomasses conta de mim mas não me arrependo... fossem todos os erros assim. 

terça-feira, 3 de maio de 2016

A tua jornada

     Quando queres tudo e mais alguma coisa… o infinito desejarias tu! Tens sonhos, objetivos que desejarias alcançar, mas a incerteza há-de sempre existir. Desconheces o itinerário para a felicidade.
     De tanto pensar na concretização ou por pensares no teu futuro, sonhas acordado ou simplesmente o sono não vem. A noite é lúcida, traz-te a inspiração, novas ideias que provavelmente não surgiriam noutro momento em que a luz seria um entrave à iluminação da mente. Mente essa turbinada de suposições, questões, ideias múltiplas que distorcem a clareza que sempre quiseste.
    Deixa os teus medos. Deixa o teu receio de não conseguir alcançar o que pretendes. Traça metas. Realistas obviamente! Não fiques inerte à espera que tudo aconteça como desejas. Vai à luta, perde para depois ganhares, erra para seguidamente aprenderes.
    Por isso, podes optar pela escolha mais fácil: desistir antes sequer de teres tentado ou desistir facilmente depois de algumas tentativas. Tens sempre outra hipótese, contrária a esta: enfrentas tudo o que se interpuser no teu caminho. Calça as botas. Elas poderão provocar-te calos depois de uma longa caminhada. Os teus pés serão o reflexo da dor existente devido ao esforço que dedicas às tuas tarefas, aos teus projetos.
    Além disso, conta que no teu caminho, naturalmente íngreme e repleto de falhas, vás encontrar obstáculos que vais ter de eliminar para chegares ao fim da tua jornada. Caminha até ao topo da montanha. Não estejas à espera de não caíres, de não te magoares e de não seres surpreendido por “animais” ferozes que te tentarão derrubar sem piedade.
    Aproveitas as oportunidades que te dão. Agarra-as como se a tua vida dependesse disso. Sê grato por aquilo que te tem aparecido. Agradece.

 

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Silêncio absoluto

      Quando nos conhecemos irritava-me esse teu risinho, as tuas palavras por vezes amargas, a tua personalidade forte. A profunda irritação deu origem a um súbito interesse, vontade inexplicável de estar contigo de todas as formas e mais algumas. O meu cérebro dizia “não”, mas o coração não assentia.
     Rapidamente tornaste-te o centro da minha vida. Era contigo que queria estar. A tua beleza era inigualável. Ninguém conseguia sorrir da maneira como sorrias, transmitir tanta emoção através dos olhos selvagens que sempre tiveste. Eu, que era um autêntico mulherengo, aliás sem problemas em o admitir, rendi-me aos teus encantos, pelo facto de seres diferente, desafiante.
     Desafio que abracei rapidamente e inteligentemente, acabando por não me arrepender nem um segundo da decisão que tomei: ficar contigo, fazer-te feliz. Essa era a minha principal tarefa. O resto ficava para segundo plano.
      Sei que ficaste muitas vezes zangada e magoada comigo porque te desiludi, falhei na minha missão. Sei que errei e não foi pouco, as desculpas foram mais que muitas. Mas perdoas-me, meu amor?
      Os nossos anos de juventude foram os melhores. Sempre metidos em grandes aventuras, lembras-te? Aquela vez em que arranjamos tamanha confusão com os nossos amigos que fomos parar todos à esquadra? Rimo-nos tanto. Estávamos a tentar ser rebeldes, desafiando a autoridade. Foi divertido. Resultou foi num “bom” raspanete dos nossos pais, que se já eram contra o nosso namoro, ainda ficaram mais desagradados. Nunca acharam que fosse homem para ti. Éramos muito diferentes, as nossas famílias tinham um atrito e nós sempre ficámos no meio do problema sem termos culpa nenhuma. Além disso, eles nunca acharam que eu era capaz de dar-te a vida que tu merecias.
       Mas eu e tu não precisávamos de ter muito dinheiro, não precisávamos de ser muito inteligentes, os melhores. Para nós, bastava sermos os melhores um com outro. Fazermos o que gostávamos, independentemente de ser ou não o mais acertado, o que fugia ao rigor estritamente calculado pela sociedade. Nós odiávamos regras. Ainda odeio. Não posso ser completamente livre para fazer o que quiser, sem julgamentos. Há sempre alguém com um olhar de desdém, como se fossem o cúmulo da perfeição.
     Perfeita só mesmo tu, minha querida. Lembro-me como notei ainda mais isso no dia do nosso casamento. Quando estavas a caminhar até ao altar, senti que não me iria arrepender de te ter como minha mulher. Seria o homem mais feliz. Ah… logo eu que sempre foi cético em relação a tudo o que fosse amor, fiquei prendido na tua teia. No teu corpo nu, esculpido como de arte se tratasse. Que fantástica, pensei eu…
     Deste-me mais duas peças fundamentais para a minha caminhada para a felicidade. Os nossos filhos. Não cabia em mim de contente. “Papá babado”, dizias-me tu muitas vezes, recordas-te? Sempre preocupado com eles. Mesmo agora quando têm 40 e 45 anos, continuo a sentir a responsabilidade de saber tudo sobre a vida deles. Como vai tudo. Eles chamam-me “chatinho”. É verdade, eles até têm razão. Sou um velho rabugento. A idade pesa e estou quase a ir, por isso tenho de garantir que eles ficam bem. 
     Foram anos muito felizes, em que tivemos algumas dificuldades, mas conseguimos ultrapassar tudo o que se ia interpondo, recuperando a harmonia. Mas nos últimos meses, tudo mudou indescritívelmente, de forma radical. O teu rosto carregava um sofrimento que eu não conseguia apaziguar. O brilho do teu olhar já não era o mesmo. Sentia-te a ir, apesar de estares junto a mim. Abraçava-te todas as noites para ter a certeza que não irias fugir. Como se eu fosse forte o suficiente para quebrar o drama que estava a acontecer nas nossas vidas.
     Maldita doença! Consumia-te dia após dia, e eu sentia-me impotente… sem nada para dizer ou fazer. As palavras que achava certas e que iam melhorar o teu estado de espírito não resultavam. Continuavas na mesma. Com uma tristeza que nunca vi em ti. Choravas baixinho à noite na cama, tentando que não se ouvisse, para que não soubesse que estavas mesmo triste, sem esperança. Mas eu sabia. Conhecia-te melhor que ninguém. Normalmente sabia o que te passava pela mente apenas através das tuas simples reações. Durante estes anos todos, fui descobrindo cada bocadinho de ti e tão feliz que fiquei por isso, meu amor…
      Não resististe, a doença venceu-te e a tua morte foi o momento mais desesperante que ocorreu na minha vida. Lá no fundo já sabia que mais tarde ou mais cedo isso iria acontecer. Mas não queria. Não estava preparado para te perder assim desta maneira. Aliás de maneira nenhuma. Lembraste de me teres prometido que não ias desistir de lutar, independentemente das circunstâncias? Não cumpriste com o que disseste. Ias desistindo um pouco todos os dias. Mas não te culpo. Eu teria sido mais fraco.
    Foi difícil a despedida. Segurei na tua mão, enrugada, apenas um sinal de velhice, sem importância. Mesmo diferente, continuavas linda, majestosa. Mesmo que os outros não achassem, eu achava. Eles também não te conheciam como eu conhecia, não acompanharam a mudança no teu corpo e na tua mente. Eles nada na verdade sabiam. Apenas que tinha partido uma senhora simpática, que estava sempre pronta a ajudar os outros. Tu não eras só isso. Eras muito mais. Mas eles não sabiam, por isso não compreendiam. Ninguém o conseguia fazer. Éramos só tu e eu. Agora sou só eu. Sozinho. Deus levou-te, minha querida. Eu sei que Ele vai cuidar de ti, por mim.
     Eu, por agora fico por aqui, na nossa casa. Tudo são recordações. Cada metro quadrado, suscita uma lembrança de diversos momentos nossos. O soalho range, apenas se ouve os meus pesados passos. Silêncio absoluto. As lágrimas teimam em cair. Não consigo evitar. Contigo era tudo e agora, sem ti, sou nada. Coração vazio.
       Posso pedir-te uma coisa? Enquanto estiver vivo, cuidas de mim, como sempre fizemos? Mesmo longe podes fazer-me sentir perto de ti? Não te esqueças de mim. Isto não é uma despedida, é um até já. Esperas por mim? Esperas?



quarta-feira, 20 de abril de 2016

"Politiquices" de esquerda

        As últimas notícias dão-nos conta de mais uma medida política que merece reflexão, não porque seja deveras importante em si mesma, mas porque lhe estão a dar esse destaque. Em causa está a proposta do Bloco de Esquerda na alteração do nome do Cartão de Cidadão. Em vez deste nome, deveria ser, segundo eles, adotado a designação de "Cartão de Cidadania".
      Quando ouvi falar sobre esta medida, confesso que a primeira palavra que me veio à mente foi "ridículo". Fiquei surpreendida por uma medida destas sequer ter estado em discussão no Parlamento. É algo tão insignificante. No entanto, o Bloco de Esquerda acha que é muito mau chamar-se "Cartão de Cidadão", porque se trata de um documento de identificação. Por isso, não pode ter uma formulação masculina, pois assim existirá discriminação em relação às mulheres, indo portanto contra a igualdade de direitos de ambos os sexos.
    Mas o que é que isso vai mudar efetivamente na vida dos portugueses ou na sua mentalidade? Isto é o que é fundamental refletir. Numa sociedade, passa-se por um processo de mudança de mentalidades que vai ocorrendo ao longo dos tempos. Esse processo não é nada fácil e é, aliás, bastante demorado. Ora, não é com uma simples medida destas que se vai findar a discriminação que as mulheres continuam a sofrer. Para quê mudar o nome de algo, quando não se muda, de todo, o que os indivíduos pensam sobre determinado assunto?
      Devia-se, obviamente, passar das palavras às ações. Depois de esta medida ser aprovada, tudo continuará igual, à exceção da ilusão momentânea que os membros do Bloco de Esquerda querem fazer passar: que vamos ter uma sociedade mais justa e igualitária, que promove a não discriminação das mulheres. Assim, sentirão a satisfação de dever cumprido! (Pensando que fizeram realmente uma grande coisa). Como se isso resolvesse problemas realmente graves, por exemplo a violência doméstica que muitas mulheres sofrem, grande parte delas em silêncio, desejando ter uma maior proteção legal, mas que chega tarde ou nem sequer chega. Continua a ser-se demasiado brando com quem maltrata as mulheres, com quem as trata como objeto sexual, etc., achando que elas são inferiores. O elo mais fraco. Soluções reais para este tipo de problemas os deputados não resolvem. Apenas andam, muitas vezes, com "politiquices" que nada melhoram a qualidade de vida dos portugueses, nem nomeadamente das mulheres. Muitas palavras, muita teoria, mas pouco se vê na prática, em ações realmente decisivas para a mudança da vida em sociedade, a vários níveis.
    Não seria mais importante preocuparem-se com este tipo de assuntos referidos anteriormente ou com a educação e a saúde que necessitam de reformas estruturais, em vez de avançarem com "propostazinhas" que não deveriam passar de conversa de café, em vez de ser discutidas na Assembleia da República?
     Realmente, perdendo o rumo do que é essencial, dispersando-se por caminhos irrelevantes, torna-se difícil melhorar o estado do país e promover, consequentemente, o progresso e o bem-estar social. Enfim... 

           

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Medo de mudar

      Olho-me ao espelho… como estou diferente! Como está diferente o mundo…
       Muitas transformações ao longo dos tempos… mudaram as mentalidades, os hábitos, os objetivos de vida. Acabaram-se com alguns paradigmas, dogmas – verdades inquestionáveis, que eram os pilares do conhecimento da vida e da sociedade.
      Exatamente… mudança! Esta é a palavra-chave para a inovação, para fazer do impossível possível, para construir a felicidade. A mudança é algo intrínseco às nossas vidas. Muitas vezes não podemos simplesmente decidir não mudar. Existe todo um conjunto de transformações biológicas que nos estão associadas. Por isso, a única solução é adaptarmo-nos à realidade.
     Com a mudança aparece o medo. Medo de tomar as decisões erradas, medo de desiludir os outros e a nós próprios, por não conseguirmos concretizar o que era suposto.
      Como temos medo de mudar, refugíamo-nos, ignoramos as oportunidades que surgem entretanto, que acarretam escolhas da nossa parte e mais tarde ou mais cedo não as podemos evitar: temos de tomar uma decisão. E aí, aparecem as ideias ambíguas, questões antagónicas, que nos fazem refletir que passo dar. Muitas vezes, amarram-nos os pés, enlameando-os na escuridão da insegurança e da incerteza!
        A escolha começa a ser cada vez mais difícil e, para aguentar o embate que uma possível queda possa causar, construímos “abrigos” para nos sentirmos protegidos, para pensarmos que se alguma coisa correr mal temos uma saída. Dizemos isso a nós próprios para nos sentirmos melhor e mais confortáveis com a futura decisão. A verdade é que é difícil voltar à realidade existente antes desta, o que significa que é fundamental existir ponderação. Devemos, então, considerar os prós e os contras de cada escolha, para assim chegar à conclusão do rumo a seguir.
      Não vale a pena adiar ou recusar estas importantes decisões. Para que evitar fazer escolhas, fugir das oportunidades, só por ter medo de arriscar e/ou sofrer as consequências? Acabamos por desperdiçar momentos que nos conduziam àquilo que ambicionámos, mas que desistimos por medo de falhar ou de não corresponder às nossas expetativas…
        Fechamos a porta que nos leva à saída de um estado de inércia associado à vida que levamos e o arrependimento acaba por surgir, porque outrora persistiu a fraqueza… sim, fracos por insistirmos em não mudar, ignorando a possibilidade de subir a escada para a felicidade! 

sábado, 9 de abril de 2016

Amor discreto

O tempo pára e eu nem dou conta, inebriada pelo teu cheiro, pela sumptuosidade do teu olhar, pelos detalhes que possivelmente mais ninguém repara, a não ser eu. Não resisto em olhar para ti quando estás no mesmo espaço. É inevitável! Sou fraca nesse aspeto. Fraca o tempo todo, quando olho sorrateiramente para ti sem dizer uma única palavra, apenas mostrando um sorriso. Envergonhado, mas apaixonado.
Não percebes que te olho. Há distrações que nos afastam, que tendem a levar-te para outro caminho, longe de mim. O sorriso desaparece instantaneamente como se só a tua presença me fizesse feliz. Espera… sim tu és a única pessoa que me deixa com um sorriso. Sem ser estes momentos volto à monotonia que é a minha vida, emaranhada em imensos afazeres sem lugar para deixar o pensamento fluir e o coração bater desalmadamente.
Continuo com a busca excessiva por respostas para as infindáveis questões que me atormentam quando o assunto sou eu, ou tu, ou nós. Na minha cabeça existe um nós. Porém, não passa de uma fantasia minha para curar a queda dos mil pedaços do meu coração, que apenas colavam quando era criança. Porque era inocente. Não sabia o que era o amor, nem o sofrimento. Quase nada na verdade sabia. Apenas que era feliz, sem sequer saber o que era a felicidade. Felicidade completa, eu diria, no meio da minha antiga ingenuidade. Respostas simples surgiam na minha mente facilmente. "A vida é mais fácil do que pensamos. Estúpida ideia dos adultos em complicar, em fazer de tudo um drama!"

       Para a minha situação, eu diria que é… bem… complicado. Se não estou contigo, mas o sentimento continua a ser grande, é complicado. Se me desses uma oportunidade seria… sei lá… complicado! Não saberia como reagir, como lidar com uma nova fase, com uma nova pessoa na minha vida. Mas ao mesmo tempo, voltar a não te ter por perto, perder-te, seria… complicado! Tenho de começar a aprender a lidar com o que é complicado, definitivamente. Tentar descomplicar. A “nossa” situação até é simples: eu estou apaixonada por ti e tu nem reparas nesse amor. Distraído, ocupado com outras pessoas e outras coisas.
      Egoísta. Tenho de parar de ser tão egoísta também! Desculpa-me, mas a ideia de não te ter só para mim sufoca-me. Não te quero deixar ir. Quem serei eu depois disso?
     Volto a olhar para ti. O ritmo frenético do meu coração denuncia o meu estado de espírito, mas o controlo é maior. Disfarce momentâneo da alma inquieta, desafiadora, que tendem a buscar o inalcançável. O teu amor. 

terça-feira, 5 de abril de 2016

És o meu porto de abrigo

     Eu caminhava pela areia, chegavas tão perto de mim, como sempre estiveste, dentro de mim.
      Eu estava sozinha, eras só tu e eu. As lágrimas teimavam em cair pela minha face, marcada pelo sofrimento de não ver quem amava, porque tu me roubaste a outra parte de mim, uma parte do meu ser. Porquê, ó mar, porque tinhas de me fazer sofrer? Não bastava a minha amargura por ver que ias afastar as pessoas que amo.
      Agora, sentada na areia recordo estes momentos que percorrem o meu coração. Tento encontrar uma solução para tal sofrimento, olhando no horizonte, um novo futuro.
     Essa imensidão que és deixa-me feliz... Sei que nunca vais ter um fim. Apesar de tudo nunca me vais abandonar quando precisar de chorar, de rir ou simplesmente pensar. Sei que vais estar sempre aí, em silêncio para me transmitir calma, mas também tempestades quando precisar de desafios.

        Dás-me vida, dás-me alegria, fazes-me pensar nos bons, mas também nos maus momentos. Sinto-me livre como gaivotas que percorrem a areia e voam em busca da felicidade. Quero ser assim como elas, livre, sem medo e voar sem impedimentos. Afinal a vida deve ser assim: uma imensidão de sonhos e pensamentos, sorrisos e emoções.
      Ó tu, ó mar, que me tornaste assim, na pessoa que sou, na paixão que tenho, na saudade e no amor que bate no coração. Tu delineias os meus passos,  aclaras o que está escuro dentro de mim, tornando-me mais feliz. Junto a ti, sou eu agora, a menina inocente que viste nascer no teu ventre, que depois de uma grande fase se transformou numa mulher.
       Trazes alguma nostalgia pelas vidas que roubaste, lágrimas de saudade que deixaste, sorrisos que se perderam e feridas que ficaram…

        És tu mar, és tu que jazes no interior do meu ser!

sábado, 2 de abril de 2016

Temi (...)

 


Olhos nos olhos, frente a frente
Temi por mim, por ti
Pelas sensações e emoções que poderíamos sentir
Temi vir a ser refém do teu amor, de ti.
A brutalidade do teu olhar
O silêncio constrangedor que se fez sentir
O vazio, temi pelo vazio
Porque sem ti, sou alma vazia, completamente perdida.


terça-feira, 29 de março de 2016

Labirinto das vãs memórias

Labirinto das vãs memórias. Elas, as memórias, tendem a permanecer... mesmo as más, as que não trazem felicidade de todo. Diria que são inúteis porque resultam em mágoas... mas quem sou eu para julgar o que quer que seja. Não decido o que passa pela minha mente. Sou um ser passivo nesse aspeto. Por mais que a queira controlar, não consigo. Acabo por pensar no que não devia nem queria. Apagar essas memórias seria o melhor. Parece que estou no meio de um labirinto. Elas fazem com que carreguemos o passado mais do que queríamos. Por vezes são aquela pedra no sapato que nos está a incomodar, que não nos faz seguir em frente.
No entanto, os momentos contigo não posso apagar. Eles fazem-me feliz, mesmo aqueles que até não foram muito bons, porque acima de tudo lembro de ti e isso, compensa muito, definitivamente!

domingo, 27 de março de 2016

Crítica a "Auto da Índia" de Gil Vicente

     O “Auto da Índia” é uma obra de Gil Vicente, que tal como os vários autos que escreveu, pretendia mostrar vários problemas da sociedade da época. Nesta obra, é evidenciado o adultério que as esposas cometiam quando os maridos estavam nos mares, na época dos Descobrimentos.
   Gil Vicente, neste obra, assim como em outras, desenvolvia o conceito de personagens-tipo, isto é, personagens que propositadamente tinham um determinado tipo de comportamento que ilustrava um tipo de pessoas da sociedade em causa, com determinadas caraterísticas, normalmente criticadas direta ou indiretamente pelo dramaturgo.
     Tudo se desenrola à volta da Ama pois é ela é falsa e leviana e engana toda a gente. Contrariamente, a moça é uma pessoa sensata e amiga e, ao longo da obra, é ela que avisa a sua patroa que o marido foi mesmo em viagem e quando é o seu regresso. O Castelhano e o Lemos são ambos personagens que mostram a sua baixa classe social, mas mais que isso, a sua pequenez. Queriam mostrar que eram ricos para impressionar e seduzir a Ama, mas esta engana-os tal como ao marido. O marido representa os homens enganados pelas suas mulheres que aproveitavam a sua ausência para os adulterar.


      Gil Vicente queria mostrar que por detrás da glória e da fachada épica da expansão ultramarina, era já possível perceber as profundas alterações, nem todas positivas, que essa expansão estava a provocar na sociedade portuguesa, no século XVI. O objectivo de Gil Vicente não era punir o adultério, mas sim preveni-lo.
     O dramaturgo satirizava a situação económica e política criada pela expansão que favoreciam o adultério, os homens ingénuos que eram enganados pelas suas mulheres, o materialismo da sociedade e a importância das aparências. Para dar um ar mais cómico Gil Vicente utilizou os três tipos de cómico: o cómico de situação, o cómico de linguagem e o cómico de carácter.
    É possível estabelecer um paralelismo entre a sociedade da época e a atual, daí ser enriquecedor ler este tipo de obras. De facto, saliente-se as críticas lançadas por Gil Vicente, nomeadamente, como dito anteriormente, a sociedade materialista, baseada em aparências que mostram o deterioramento desta. A maior parte das carateristicas negativas realmente não sofreram mutações ao longo dos tempos, estando longe do que é a boa moralidade.
   Por isso, estes temas, assim como esta obra perpetuam-se no tempo, isto é, são intemporais.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Sem ti...

     Sinto a tua falta, o teu sorriso e a tua alegria.
   Sem ti o meu mundo é apenas uma nuvem muito escura que assombra os meus dias. O teu abraço que me reconfortava era o que mais me fazia feliz.
    Agora sou um fantasma que vagueia pelo mundo, deambula em pensamentos, mas não sente qualquer alegria, qualquer emoção nem vontade de sorrir.
   Amanhece sem te ver, anoitece sem te ver… porque não estás aqui comigo? Tu mudaste a minha vida! Só queria que voltasses… queria que fosses meu outra vez.
  Onde estás? Procuro-te, ainda não perdi a esperança de te encontrar, de te ter nos meus braços, sentir o teu cheiro e os teus lábios…
    Afinal, depois de uma busca exaustiva… não consigo encontrar-te! Porque é que a minha vida se tornou assim? Um livro sem nada escrito, sem capítulos, sem história? Tudo porque tu eras a personagem principal, tu e eu escrevíamos a história.
   Agora, penso nos momentos que passámos. Nada é igual desde que partiste, tudo perdeu a cor, o sentido e a dor de não te ter comigo permanece, como uma enorme ferida que não irá sarar.
   Não sei o que fazer, como vou esconder as feridas que tenho no meu corpo e na alma. Quero desaparecer… só tu me fazes feliz, sem ti não sou nada.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Europa amedrontada

Bem... sei que todos já devem estar um pouco fartos de ouvir falar em terrorismo e todos os comentários e "tertúlias" televisivas sobre o assunto, mas de facto, este tema é interessante e muito atual. Mas mais importante que isso, é refletir sobre os crescentes problemas que têm surgido e surgirão nos próximos tempos até que se consiga resolver isto (se é que se vai conseguir resolver). Os casos são mais que muitos: o massacre do Charlie Hebdo no ano passado, o atentado em Paris e agora em Bruxelas, já para não falar nos atentados que ocorreram nos últimos anos. 
É necessário também, pensar no conceito de liberdade de expressão que está intimamente relacionado com estas situações. Deixo aqui então, um artigo de opinião que escrevi sobre este assunto.

Atualmente muito se fala em liberdade, nomeadamente liberdade de expressão, tanto é que muitos acham que podem dizer tudo o que pensam, mesmo não respeitando as diferentes crenças e opiniões que outros têm.
       Porquê falar agora deste tema? Porque há factos relativamente recentes que o justificam, por exemplo o conflito que ocorreu no dia 7 de Janeiro de 2015, entre jornalistas do jornal satírico Charlie Hebdo e alguns terroristas islâmicos. Estes últimos agiram a pretexto de vingar o profeta Maomé, alvo frequente das publicações deste jornal.
       Apesar das muitas manifestações de repúdio ao ato terrorista, o atentado também acabou por provocar uma polémica sobre liberdade de expressão. Para alguns, ela deve ser geral e irrestrita, pois, se houver limites, não existirá liberdade de facto. Outras, como eu, consideram que há temas como a religião que devem ser preservadas, pois o direito de se expressar livremente não inclui a possibilidade de ofender. Além disso, a liberdade tem de coexistir com responsabilidade.
      A liberdade é um bem precioso mas tem limites e, a verdade é que a esmagadora maioria deles são impostos por aqueles que defendem a liberdade sem limites, quando são as suas crenças e opiniões que estão em causa.
   Nesse sentido, é necessário dizer que Charlie Hebdo não reconhecia limites para insultar os muçulmanos, mesmo que muitos cartoons fossem propaganda racista e alimentassem ódio aos islâmicos, que estão instalados na Europa também. Devemos, pois, refletir sobre as contradições e assimetrias na vida baseada nos valores que cremos serem universais.
     Seguidamente, fale-se do atentados que se seguiram: o de Paris e o de Bruxelas. O de Paris parece-me que surpreendeu quase toda a gente, porque já se tinha passado alguns meses desde o Charlie Hebdo, que para muitos tinha sido um caso pontual. No entanto, este foi só o início de muito que entretanto aconteceu e está para acontecer. Nos últimos dias, mais um, quando a Europa já estava mais sossegada.
     Cada vez mais se vive num clima de insegurança e medo. A incerteza está no meio de nós. Não sabemos o que virá a seguir. Sabemos, no fundo, que irá existir mais ataques, que a Europa está em declínio.
      Os valores humanistas estão em causa devido aos extremistas que não respeitam opiniões, crenças e modos de vida dos ocidentais e pior, tendem a obrigar-nos não só a compreende-los, como a fazer-nos seguir as suas ideias, independentemente da história, cultura e religião que temos há imensos séculos.
      Portanto, a questão que se prende é: “devemos nós, europeus, continuar com a mesma solidariedade que nos carateriza, promovendo a estabilidade e o bem-estar social?” A resposta a esta pergunta é, de facto, complexa. Não existir tanta solidariedade, livre circulação de pessoas e bens, estar-se-ia a ir contra os valores patentes cá desde, principalmente, o início da União Europeia. Se deixasse de existir livre circulação, também nós seríamos prejudicados. Mas o que todos temos de concordar, é que assim também não podemos continuar. Existem falhas de segurança e políticas que se tornam incipientes, resultando da falta de organização europeia juntamente com a perspicácia da Daesh.
       Muitos apontam os refugiados como causa para o flagelo que é o terrorismo. Parece-me injusto que se generalize. Nem todos os refugiados vêm para os países europeus para causarem conflitos e/ou para “nos obrigarem” a mudar os nossos valores e tradições. Muitos apenas procuram uma melhor vida. Não é de todo correto culparmos pessoas que estão a tentar alcançar melhores condições de vida. Indivíduos que na maior parte das vezes não tem culpa de onde têm vivido.
       No entanto, com esta solidariedade estamos mais sujeitos a que indivíduos perigosíssimos, entrem quase livremente cá. Eles planeiam meticulosamente e nós apenas nos organizamos melhor quando os atentados já aconteceram. Pensamos sempre que tudo vai acalmar, que vamos viver melhor. Estamos apenas a tentar sentir-mo-nos mais seguros, tentando esquecer a gravidade destas situações. Ignorando aquilo que nos aflige.
       Neste sentido, o contexto em que os crimes ocorreram diverge em duas teses, nenhuma delas, favorável à construção de uma Europa multicultural. A mais radical é fortemente islamofóbica e anti-imigrante. Defende que os inimigos da nossa civilização estão entre nós, odeiam-nos e, por isso, só se resolve o problema se nos virmos livres deles. A outra tese é da tolerância. Segundo alguns, estas populações são muito distintas de nós, são quase como um fardo, mas temos de as “aguentar” até porque nos são úteis, No entanto, só o devemos fazer se elas forem moderadas e assimilarem os nossos valores.
       Mas quais são afinal os “valores ocidentais”? Depois de muitos séculos de atrocidades cometidas em nome deles dentro e fora da Europa – Inquisição, violência colonial, guerras mundiais, etc. – exige-se algum cuidado/atenção e muita reflexão sobre o que são esses valores e, por que razão, dependendo dos contextos, ora se afirmam uns, ora se afirmam outros.
      Assim, agora é necessário reformular as políticas europeias em relação a este assunto, que não têm funcionado muito bem. Pelo menos, mais países unidos, por um mesmo fim, ajuda a combater a ferocidade do Estado Islâmico, que tem cada vez mais amedrontado os ocidentais que não sabem muito bem como reagir. É necessário uniformidade, isto é, trabalharmos como um todo, promovendo a justiça e o bem-estar social!

segunda-feira, 21 de março de 2016

Dia da poesia

Sendo hoje dia da poesia, nada melhor que um poema de um dos maiores poetas portugueses: Fernando Pessoa. Neste caso, a escolha recai sob um dos seus heterónimos - Álvaro de Campos.

Que Noite Serena!

Que noite serena! 
Que lindo luar! 
Que linda barquinha 
Bailando no mar! 

Suave, todo o passado — o que foi aqui de Lisboa — me surge... 
O terceiro andar das tias, o sossego de outrora, 
Sossego de várias espécies, 
A infância sem futuro pensado, 
O ruído aparentemente contínuo da máquina de costura delas, 
E tudo bom e a horas, 
De um bem e de um a horas próprio, hoje morto. 

Meu Deus, que fiz eu da vida? 
Que noite serena, etc. 

Quem é que cantava isso? 
Isso estava lá. 
Lembro-me mas esqueço. 
E dói, dói, dói... 

Por amor de Deus, parem com isso dentro da minha cabeça. 

Álvaro de Campos, in "Poemas" 
Heterónimo de Fernando Pessoa 

Breve análise
    Neste poema, o sujeito poético recorda nostalgicamente o tempo de infância e compara-o ao momento presente em que vive.
   Assim, o eu poético, na segunda estrofe, evidencia como vivia antigamente em Lisboa, onde existia sossego e felicidade, sem existir grandes preocupações que se têm quando se chega à fase adulta.
   Além disso, o eu lírico relembra a sua vida quotidiana, por exemplo o constante ruído da máquina de escrever das tias.
     No entanto, o sujeito lírico tem noção que está a viver o presente e que o passado já mais não volta. Por isso, questiona-se sobre o percurso da sua vida, uma vez que a felicidade que existia na infância transformou-se em mágoa, desilusão e tristeza. A comprovar esta ideia, recorre-se aos últimos versos como “e dói, dói, dói…”
   Nesse sentido, no último verso, o sujeito poético não quer mais recordar para não aumentar o seu sofrimento. Se não se lembrar, não se sente tão frustrado e deprimido por não poder mais reviver a época da inconsciência, ingenuidade e verdade.

domingo, 20 de março de 2016

Não esqueço!


Não esqueço o olhar, que tanto dizia sem serem precisas palavras. As noites em vão a pensar consecutivamente em ti. Agora que olho para trás,apercebo-me do quanto dependia de ti, mas não me arrependo porque naquele momento, naqueles meses, naquelas horas foste exatamente o que procurava, o que precisava, o que desejava e amava. Nada de arrependimentos, talvez uma réstia de pena do que podia ter sido vivido e tantas vezes foi adiado. Pena das 1001 oportunidades que tivemos para sermos felizes e simplesmente desperdiçámos. Pena, tanta pena mas jamais arrependimento. Hoje a conclusão que tiro de tudo isto é que tudo serviu de lição, acredita e que nos sirva de exemplo para futuramente, na próxima oportunidade com outro alguém não falharmos, ou pelo menos não falharmos tanto. Fomos exemplo, fomos desassossego, fomos tanto e nada ao mesmo tempo, fomos verdades e consequências, fomos certeza e por isso mesmo te digo com toda a convicção que te quis tanto, lutei tanto, estava tão presa a ti mas no final tu é que me perdeste.

sábado, 19 de março de 2016

Dedica-te ao ambiente!

    Hoje, além de dia do pai, é dia de dedicar uma hora ao Planeta Terra.
    A iniciativa desenvolvida por “Hora do Planeta” propõe que toda a gente faça hoje um pequeno sacrifício e apague as luzes às 20.30H. O movimento é global, devido aos graves problemas ambientais que têm surgido nos últimos anos.
     De facto, os constantes aumentos ou diminuições de temperatura devem-se, em parte, ao descuido do ser humano em relação ao meio ambiente. Somos preguiçosos em muitos assuntos e este não seria exceção.
    Esquecemo-nos ou não queremos fazer reciclagem, deitamos coisas no chão por preguiça de andarmos uns metros para pô-las no lixo, desperdiçamos muita água, comida… enquanto outros nem sequer as têm! Trata-se de necessidades básicas que nem toda a gente satisfaz. No entanto, nós além de termos acesso a tudo e mais alguma coisa e ainda temos o descaramento de sermos ingratos pela vida e as coisas que temos.
    Não está certo… não é justo, de todo!

  Todos vamos sofrer as consequências da poluição do meio ambiente, por exemplo através do aquecimento global, que toda a gente sabe o que é, mas a maioria não dá importância.
   Depois existem fenómenos naturais que surgem principalmente devido a este. Quando isso acontece, há vítimas pelo meio, mas adivinhem… muitas delas até eram culpadas, porque foram inconscientes, preguiçosas e inconsequentes! O que aconteceu foi que, tiveram azar de estar no local errado, à hora errada. Fala-se disso durante uns dias e tudo volta a ser o que era antes. Ninguém se volta a lembrar até acontecer outra calamidade. As pessoas têm mesmo memória curta, incrível!


   Respeita profundamente o ambiente! Cumpre com o teu dever! Afinal este é o teu lar!

sexta-feira, 18 de março de 2016

O sentido das palavras

     Existe sempre aqueles momentos em que discutimos sem motivo, choramos porque estamos confusos sem saber o que pensar ou o que sentir. As palavras, por vezes inúteis que proferimos magoam alguém, mesmo quando não era essa a nossa intenção. Palavras vãs num mar de desilusões…
       Por outro lado, nem sempre as palavras causam um impacto negativo em nós. Há palavras que nos fazem sorrir, que nos deixam com um “sorriso de orelha a orelha”, que nos deixam felizes. Essas palavras podem ser um reconforto depois de um momento difícil… juntas podem melhorar o nosso estado de espírito, mais do que qualquer outra coisa.
      Quantas vezes imaginamos ou recordamos um momento da nossa vida, que já ocorreu ou que gostaríamos que acontecesse? Pensamos tudo ao pormenor, com as palavras certas… porque tudo tem que ser perfeito! Por vezes, as palavras mais simples marcam mais do que um discurso preparado e eloquente, porque as palavras mais verdadeiras são aquelas que vêm de dentro do coração, por isso são as mais emotivas.
        As palavras de quem amamos são tão importantes… podem mudar tudo. Um simples “amo-te” ou “adoro-te”, faz toda a diferença. Apazigua-nos a alma, a dor sentida, a mente em constante atividade, porque dão outro sentido à vida.
      Toda a gente gosta de ouvir palavras bonitas do seu amado/a, principalmente nos momentos de nostalgia, quando não nos apetece falar com ninguém, apenas com essa pessoa porque é a única ou das poucas que nos compreende, que sabe utilizar as palavras certas nos momentos certos, que nos faz sentir melhor, que nos faz sorrir…


Escrito por Patrícia Oliveira