Blog onde se preza acima de tudo a opinião, assim como a escrita, que é um meio de expressar os sentimentos e o pensamento.
sexta-feira, 26 de agosto de 2016
"(...) mas hoje não é o dia. "
Papel e caneta. Foi tudo o que precisei. É tudo o que preciso agora. Vou pela estrada fora, meia aluada e a tua imagem insiste em permanecer na minha mente. Queria conseguir dizer-te tudo o que sinto e no final esquecer-te de vez mas não é assim tão simples. Por ti tudo, sem ti nada, é o que sinto. Chama-me cega e eu direi que foste a coisa mais bonita que vi na minha vida.
Se u
m dia conseguisse expressar o que sinto ? Provavelmente diria que gosto de ti, tanto e gostava que um dia alguém tivesse o poder de gostar de mim como eu gosto de ti. Diria que mexes comigo de uma maneira inexplicável e que só eu sei como o meu corpo reage quando te avisto. Diria que é bom gostar assim de alguém mas também te diria que só é bom se for correspondido porque de outra maneira dói e sentes-te sufocada porque tudo o que queres é que dê certo e tu pedes todos os dias para que resulte, para que tenhas uma oportunidade porque tens consciência que podes ser e fazer feliz. Pedes com muita força para que não seja mais um desgosto e que no meio de tudo, tenhas a sorte de seres amada pela pessoa por quem estás perdidamente apaixonada. Diria também para nunca parares de te mimar e acima de tudo para te amares, para te amares muito e nunca tenhas medo de mostrares o que vales, acredita em ti como eu acredito. Quero muito que sejas feliz e se não for comigo, que seja com alguém que te mereça e saiba cuidar de ti como ninguém, que tenha noção que como tu não há e que pelo menos tente amar-te tanto como eu te amo, se for possível.
Queria dizer-te tudo isto e no final esquecer-te de vez mas hoje não é o dia.
segunda-feira, 22 de agosto de 2016
Memórias
O tempo
atenuou as feridas do impacto da tua morte. Gostava eu de ter amnésia para
esquecer o que não quero lembrar. Memórias só quero ter tuas, dos nossos
momentos, da tua alegria. Não da tua morte. Mas por algum tempo era apenas o
que me conseguia lembrar, uma e outra vez mais, como tortura. Sempre que
pensava em ti era isso que me lembrava.
No silêncio
imaginava-te aqui outra vez, animado como sempre eras, com essa alegria
contagiante. Por momentos apaziguava o coração, acalmava a mente. Mas depois
voltavam os longos suspiros, silenciosas lágrimas, procurando algum alento nas
memórias dos sorrisos, do riso, dos bons momentos contigo.
Estive no
fundo, bem lá no fundo. Pensei que não conseguisse voltar à minha vida normal, que
não conseguisse parar de me lembrar da tua ausência e que isso fosse mais forte
de tudo na minha vida.
Depois fui
recuperando, passei a habituar-me a não estares aqui. Parecia que estavas numa
longa viagem à volta do mundo. Ah… como gostavas de viajar, de conhecer novos
lugares… planeávamos as nossas futuras viagens, quando fosse mais velha.
Fazias-me imaginar, soltar a minha criatividade, ter ideia que podemos ir para
todo o lado se existir mesmo intenção de o fazer, porque mesmo que haja algum
obstáculo, encontra-se uma solução. Improvisa-se. Vive-se.
Foste uma
inspiração para mim, um exemplo de como poderia viver no futuro, as mil e uma
coisas que poderia fazer, o quanto me podia divertir, desafiando-me a mim
própria.
Sozinha
chorei, recordei, refleti. Chorei outra vez e uma vez mais. Desacreditei que
poderia esquecer o que aconteceu, não sabia como reagir, o que dizer nem o que
fazer. Algumas vezes, pus um sorriso na cara. Era falso, uma máscara para não
explicar o que sentia. Eu própria não sabia bem, aliás evitar falar desse
assunto era o melhor. Não falar para tentar esquecer por algum tempo, para não
encarar a realidade e desabar em frente às pessoas. Sempre preferi
resguardar-me, evitar choros e lamechices em público. Pensava que ao ser
emocional, mostrava o meu lado mais frágil e ficava mais suscetível a que me
magoassem.
Depois de tudo
o que aconteceu, aprendi, cresci, passei a dar importância a coisas que nunca
tinha dado, a mostrar mais os meus sentimentos.
Onde quer que
estejas, gostava que me visses e tivesses orgulho em mim. Gostava de o ouvir,
mas já que não é possível, prefiro acreditar que continuas por aí, que não me
deixaste, que mesmo longe e sem contacto contigo, posso agarrar-me à ideia que
não estando presente fisicamente, continuas presente na minha vida.
Assim, posso
seguir o meu caminho, mas sei que para onde quer que vá, tu em silêncio vais lá
estar.
Inconsolável. Talvez seja esse o termo. Desiludida, angustiada, até mesmo perdida. Sei que bati no fundo e não vejo saída. Dói, dói tanto e é precisamente nestas situações que metes em causa tanta coisa mas principalmente perguntaste a ti mesma se vale a pena, valerá? Bater no fundo por alguém, valerá a pena? Talvez não, mas em grande parte dos casos é tão involuntário e contraditório. Não te ter é não me ter e acho que é por isso que magoa tanto.
"A vida segue em frente" ou " Dá tempo ao tempo" são as expressões que mais ouves e dito assim parece fácil, aliás, fácil demais mas não é e cada dia que passa o vazio que sentes aumenta e tu não sabes explicar porquê, falta-te as palavras e a tua mente? Bem , a toda a hora sentes um martelar, que incomoda e que é cada vez mais forte e aquela pessoa é a tua única direção e por mais que peças para parar de doer, quando o que mais pedes é para esqueceres e seres feliz , mais dói e aqueles pensamentos insistem em não ir embora , permanecem sempre para te lembrar o quanto é fácil saíres magoada e do quanto sofremos por amor, por alguém, pela pessoa que julgamos ser o amor da nossa vida e que sabes que igual não há porque existe química, há choque, atração mas isso não chega, não é suficiente e não é por falta de amor que não dá certo, às vezes até é por excesso dele.
Os dias passam e tudo o que queres é que passem rápido , que vão passando e com o tempo aprendes a sobreviver e vais ter muitos dias duros e de luta constante contigo própria. Valerá a pena?
Começas a aperceber-te que as culpas que antes te atribuíste pelo fracasso, pelo insucesso deste amor não tenham sido inteiramente tuas, que aliás, tantas vezes tentaste remar contra a maré sozinha. Dói, continua a doer, vai atenuando mas quase não reparas porque a presença daquela pessoa vai sempre relembrar-te a dor que te causou e continua a causar e tu simplesmente voltas a bater no fundo.
Acaba por chegar o momento, o momento em que dizes BASTA e que tentas refazer a tua vida, que tentas aproveitar o que a vida tem de melhor para dar , finalmente cais em ti e percebes perdeste demasiado tempo com alguém que não teve o poder de te amar, de te valorizar como merecias, alguém que deu faísca mas tu é que saíste queimada e aí aprendes a cair e logo de seguida a recompores-te, sorris para o mundo mesmo que a vontade seja nula mas sabes que é nesse momento que começas a fortalecer-te. É um processo que demora, reconstruires-te e deixares todos os pensamentos para trás demora, mas é recompensador no final porque se a dor que um dia sentiste te tornava vulnerável, hoje só te ajuda a ficares mais forte e tu sentes que tens a oportunidade de poderes voltar a tentar ser feliz.
Um conselho ? Não sejas feliz em função dos outros ou de alguém, primeiramente sê feliz em função de ti mesma e vive a vida, mas VIVE mesmo e lembra-te, não foste tu que perdeste alguém, esse alguém é que te perdeu.
sábado, 13 de agosto de 2016
Dicotomia amar vs não ser correspondido
Quantas vezes gostaríamos de ouvir a palavra “amo-te” ou simplesmente
“fica, quero-te perto de mim”? Isso, por vezes, seria a única coisa que
precisaríamos de ouvir num momento de felicidade ou principalmente quando
estamos no fundo do poço. Poço esse que contém mágoas, que vêm a superfície
irromper com a harmonia presente na nossa vida, destruindo-a em mil pedaços que
outrora constituíam o nosso ser.
Eu, mestre da
loucura, busco incessantemente alguém que me ame, me compreenda, cuide de mim
como se a sua vida dependesse disso… perdesse o sentido se eu não estivesse por
perto.
Chego à conclusão
que não sei se é melhor amar ou deambular por um caminho desconhecido, à
procura de um rumo para findar o sofrimento que marca os meus dias, infinitos e
assombrosos pois não sou amado.
Deixei de amar a
vida, mas não deixei de te amar… não deixei de pensar em ti, não deixei de
achar que poderias ser a solução para o estado de inércia que me carateriza.
Mas tu nem sequer reparas no amor que sinto por ti, pois não? Será que sentes
algo mais por mim?
Procuro
respostas… não as encontro… quero-te dizer o que sinto, mas e se a minha dor
aumentar ainda mais, depois de perceber que navegava num barco sem rumo, que
não me levava a um lugar seguro? Pois, o meu problema foi e continua a ser esse:
percorrer um mar de ilusões e melancolia.
No entanto, sem
te dizer o que sinto, a incerteza permanece forte como nunca, porque não sei o
que pensar, sentir ou fazer… libertem-me deste sufoco que me impede de ser
feliz!
Amar ou não amar?
Digo que te amo ou não digo? Isto nem deviam ser perguntas plausíveis … quem
não quer amar as pessoas por quem sente admiração e, ao mesmo tempo, dizer-lhes
que são importantes para nós? Mas se é para viver assim, sempre com esta dor
que nunca mais cessa, é preferível desistir de amar e deixar de demonstrar esse
sentimento. Para quê amar e não ser correspondido?
Amar pelos vistos
não combina com o meu estado de espirito, com a minha vida.
Vai, desaparece,
não voltes… faz com que isto que eu sinto, que é algo indecifrável desvaneça,
se torne indolor, como se nada tivesse acontecido.
A dúvida permanece
sempre, nada está concertado, no desconcerto que é o meu mundo…
quinta-feira, 11 de agosto de 2016
A Alquimia do Amor de Nicholas Sparks
Esta é mais uma obra de Nicholas Sparks, um autor que ganhou um lugar
cativo nos corações das pessoas que se deliciam com uma história de amor. Românticos
incuráveis.
Este livro não
foge a esse tipo de romance. Apesar de não ser aquele género de livros que nos
faz refletir profundamente sobre um certo tema, este tem algumas ideias que se
deve prestar atenção.
A reflexão começa
exatamente ao ler o subtítulo “o que somos, afinal, sem as nossas recordações,
sem os nossos sonhos?”. Este é o ponto de partida para o desenvolvimento da
trama. Como é que conseguimos viver sem memórias, sejam elas boas ou más e sem
objetivos? A vida não significaria muito se não quiséssemos alcançar mais do
que temos, se não quiséssemos mudar o que quer que fosse para conquistar algo.
É exatamente isso
que o personagem principal, Wilson, quer para si, tem um novo objetivo: recuperar
o seu casamento.
No prólogo, damos
conta que este é uma pessoa pouco sentimental, dominado maioritariamente pela
razão, pela responsabilidade de sustento da sua família. Profissional e
dedicado ao seu emprego. No entanto, para ser um bom advogado acabou por deixar
a família para segundo plano, refletindo-se não só no seu relacionamento, como
também na relação com os filhos. Constata-se que a personagem se apercebe disso
quando se esquece do aniversário de casamento.
Ao longo dos capítulos, além de ser contado
aquilo que está a acontecer no presente, o narrador, Wilson, recorda alguns
momentos da sua vida, passada com Jane, a sua esposa, ou com os filhos e o seu
sogro, Noah.
Assim, o leitor
vai tendo noção da evolução das personagens devido às circunstancias da vida,
principalmente a de Wilson, que vai mostrando que quer cada vez mais estar feliz
com Jane como era no início da sua relação.
Para isso, ele
vai tentar aos poucos ter vários gestos gentis para com a sua esposa, para esta
se sentir mimada e acarinhada. Estes gestos não são rapidamente compreendidos
devido ao afastamento que Wilson foi demonstrando ao longo dos anos.
Entretanto, um
acontecimento contribui para o objetivo de Wilson: o casamento da sua filha
Anna. Este vai ajudar arduamente nos preparativos para mostrar que agora está a
100% envolvido na vida dos filhos e de Jane e vai surpreender todos com a sua
mudança, conseguindo fazer com que a sua amada volte a acreditar que ele
realmente a ama.
Em suma, este
livro faz-nos acreditar que uma grande mudança é possível. Além disso,
evidencia que é fácil magoar os que amamos, mas é mais difícil sarar as feridas
que lhes causamos. Duas pessoas podem voltar a apaixonar-se mesmo depois de
vários erros, se existir esforço de ambas as partes.
Termino
com a ideia de que às vezes não é preciso ser um verdadeiro romântico, o que
interessa é não deixar de tentar, é reinventar-se todos os dias. Afinal o amor
é uma luta diária!
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
Não entendo
És das pessoas
mais importantes para mim. Ora porque te preocupas comigo, porque tens
paciência para mim e para os meus mil e um problemas e devaneios, ora porque és
incansável fazendo tudo para me ver feliz.
Se
me amas? Sim, sem dúvida. Se me queres? Claro que sim. Se terás paciência para
me aguentar? Não sei, provavelmente não.
Tenho
medos, tenho receio de te perder. Não estou bem. Comigo e com o mundo em geral.
Perdida,
tenho dificuldade em controlar as emoções, em conseguir tranquilidade para
enfrentar os constantes desafios. Necessidade de desabafo, de liberdade da alma
e da mente.
Passo
por vários estados de espírito rapidamente. Por momentos estou animada e noutros
bem… triste e frustrada.
Frustrada por não conseguir realizar o que desejaria, frustrada porque penso que nada me corre bem, frustrada porque não me compreendo. Não entendo o que sinto.
Frustrada por não conseguir realizar o que desejaria, frustrada porque penso que nada me corre bem, frustrada porque não me compreendo. Não entendo o que sinto.
terça-feira, 5 de julho de 2016
(...) fossem todos os erros assim.
Olhei-te mas não te vi. Reparei em ti mas não me passou pela cabeça apreciar-te. Sei que me olhaste, não sei o que viste. Hoje, olho-te com olhos de ver e questiono-me como nunca te tinha visto antes. Estava cega, completamente cega.
Vejo-te e quando me olhas o meu corpo reage. Começa pelos arrepios,o frio perturbador na barriga e logo a seguir a vontade incontrolável de te ter, de te sentir, de me pertenceres. Chamem-me louca mas trocava os dias pelas noites passadas contigo. Fazia cada minuto valer a pena e por 5 minutos contigo podia fazer horas de viagem. Deixas-me assim e nem há explicação.
Caí no erro de te ver , de te apreciar , de deixar que tu tomasses conta de mim mas não me arrependo... fossem todos os erros assim.
terça-feira, 3 de maio de 2016
A tua jornada
Quando queres
tudo e mais alguma coisa… o infinito desejarias tu! Tens sonhos, objetivos que
desejarias alcançar, mas a incerteza há-de sempre existir. Desconheces o
itinerário para a felicidade.
De
tanto pensar na concretização ou por pensares no teu futuro, sonhas acordado ou
simplesmente o sono não vem. A noite é lúcida, traz-te a inspiração, novas
ideias que provavelmente não surgiriam noutro momento em que a luz seria um
entrave à iluminação da mente. Mente essa turbinada de suposições, questões,
ideias múltiplas que distorcem a clareza que sempre quiseste.
Deixa
os teus medos. Deixa o teu receio de não conseguir alcançar o que pretendes.
Traça metas. Realistas obviamente! Não fiques inerte à espera que tudo aconteça
como desejas. Vai à luta, perde para depois ganhares, erra para seguidamente
aprenderes.
Por
isso, podes optar pela escolha mais fácil: desistir antes sequer de teres
tentado ou desistir facilmente depois de algumas tentativas. Tens sempre outra
hipótese, contrária a esta: enfrentas tudo o que se interpuser no teu caminho.
Calça as botas. Elas poderão provocar-te calos depois de uma longa caminhada.
Os teus pés serão o reflexo da dor existente devido ao esforço que dedicas às
tuas tarefas, aos teus projetos.
Além
disso, conta que no teu caminho, naturalmente íngreme e repleto de falhas, vás
encontrar obstáculos que vais ter de eliminar para chegares ao fim da tua
jornada. Caminha até ao topo da montanha. Não estejas à espera de não caíres,
de não te magoares e de não seres surpreendido por “animais” ferozes que te
tentarão derrubar sem piedade.
Aproveitas
as oportunidades que te dão. Agarra-as como se a tua vida dependesse disso. Sê
grato por aquilo que te tem aparecido. Agradece.
quarta-feira, 27 de abril de 2016
Silêncio absoluto
Quando nos conhecemos irritava-me
esse teu risinho, as tuas palavras por vezes amargas, a tua personalidade
forte. A profunda irritação deu origem a um súbito interesse, vontade
inexplicável de estar contigo de todas as formas e mais algumas. O meu cérebro
dizia “não”, mas o coração não assentia.
Rapidamente
tornaste-te o centro da minha vida. Era contigo que queria estar. A tua beleza
era inigualável. Ninguém conseguia sorrir da maneira como sorrias, transmitir
tanta emoção através dos olhos selvagens que sempre tiveste. Eu, que era um
autêntico mulherengo, aliás sem problemas em o admitir, rendi-me aos teus
encantos, pelo facto de seres diferente, desafiante.
Desafio
que abracei rapidamente e inteligentemente, acabando por não me arrepender nem
um segundo da decisão que tomei: ficar contigo, fazer-te feliz. Essa era a
minha principal tarefa. O resto ficava para segundo plano.
Sei
que ficaste muitas vezes zangada e magoada comigo porque te desiludi, falhei na
minha missão. Sei que errei e não foi pouco, as desculpas foram mais que
muitas. Mas perdoas-me, meu amor?
Os
nossos anos de juventude foram os melhores. Sempre metidos em grandes
aventuras, lembras-te? Aquela vez em que arranjamos tamanha confusão com os
nossos amigos que fomos parar todos à esquadra? Rimo-nos tanto. Estávamos a
tentar ser rebeldes, desafiando a autoridade. Foi divertido. Resultou foi num
“bom” raspanete dos nossos pais, que se já eram contra o nosso namoro, ainda
ficaram mais desagradados. Nunca acharam que fosse homem para ti. Éramos muito
diferentes, as nossas famílias tinham um atrito e nós sempre ficámos no meio do
problema sem termos culpa nenhuma. Além disso, eles nunca acharam que eu era
capaz de dar-te a vida que tu merecias.
Mas
eu e tu não precisávamos de ter muito dinheiro, não precisávamos de ser muito
inteligentes, os melhores. Para nós, bastava sermos os melhores um com outro.
Fazermos o que gostávamos, independentemente de ser ou não o mais acertado, o
que fugia ao rigor estritamente calculado pela sociedade. Nós odiávamos regras.
Ainda odeio. Não posso ser completamente livre para fazer o que quiser, sem
julgamentos. Há sempre alguém com um olhar de desdém, como se fossem o cúmulo
da perfeição.
Perfeita
só mesmo tu, minha querida. Lembro-me como notei ainda mais isso no dia do
nosso casamento. Quando estavas a caminhar até ao altar, senti que não me iria
arrepender de te ter como minha mulher. Seria o homem mais feliz. Ah… logo eu
que sempre foi cético em relação a tudo o que fosse amor, fiquei prendido na
tua teia. No teu corpo nu, esculpido como de arte se tratasse. Que fantástica,
pensei eu…
Deste-me
mais duas peças fundamentais para a minha caminhada para a felicidade. Os
nossos filhos. Não cabia em mim de contente. “Papá babado”, dizias-me tu
muitas vezes, recordas-te? Sempre preocupado com eles. Mesmo agora quando têm
40 e 45 anos, continuo a sentir a responsabilidade de saber tudo sobre a vida
deles. Como vai tudo. Eles chamam-me “chatinho”. É verdade, eles até têm razão.
Sou um velho rabugento. A idade pesa e estou quase a ir, por isso tenho de
garantir que eles ficam bem.
Foram
anos muito felizes, em que tivemos algumas dificuldades, mas conseguimos
ultrapassar tudo o que se ia interpondo, recuperando a harmonia. Mas nos
últimos meses, tudo mudou indescritívelmente, de forma radical. O teu rosto
carregava um sofrimento que eu não conseguia apaziguar. O brilho do teu olhar
já não era o mesmo. Sentia-te a ir, apesar de estares junto a mim. Abraçava-te
todas as noites para ter a certeza que não irias fugir. Como se eu fosse forte
o suficiente para quebrar o drama que estava a acontecer nas nossas vidas.
Maldita
doença! Consumia-te dia após dia, e eu sentia-me impotente… sem nada para dizer
ou fazer. As palavras que achava certas e que iam melhorar o teu estado de
espírito não resultavam. Continuavas na mesma. Com uma tristeza que nunca vi em
ti. Choravas baixinho à noite na cama, tentando que não se ouvisse, para que não
soubesse que estavas mesmo triste, sem esperança. Mas eu sabia. Conhecia-te
melhor que ninguém. Normalmente sabia o que te passava pela mente apenas
através das tuas simples reações. Durante estes anos todos, fui descobrindo
cada bocadinho de ti e tão feliz que fiquei por isso, meu amor…
Não
resististe, a doença venceu-te e a tua morte foi o momento mais desesperante
que ocorreu na minha vida. Lá no fundo já sabia que mais tarde ou mais cedo
isso iria acontecer. Mas não queria. Não estava preparado para te perder assim
desta maneira. Aliás de maneira nenhuma. Lembraste de me teres prometido que
não ias desistir de lutar, independentemente das circunstâncias? Não cumpriste
com o que disseste. Ias desistindo um pouco todos os dias. Mas não te culpo. Eu
teria sido mais fraco.
Foi
difícil a despedida. Segurei na tua mão, enrugada, apenas um sinal de
velhice, sem importância. Mesmo diferente, continuavas linda, majestosa. Mesmo
que os outros não achassem, eu achava. Eles também não te conheciam como eu
conhecia, não acompanharam a mudança no teu corpo e na tua mente. Eles nada na
verdade sabiam. Apenas que tinha partido uma senhora simpática, que estava
sempre pronta a ajudar os outros. Tu não eras só isso. Eras muito mais. Mas
eles não sabiam, por isso não compreendiam. Ninguém o conseguia fazer. Éramos
só tu e eu. Agora sou só eu. Sozinho. Deus levou-te, minha querida. Eu sei que Ele vai cuidar de ti, por mim.
Eu,
por agora fico por aqui, na nossa casa. Tudo são recordações. Cada metro
quadrado, suscita uma lembrança de diversos momentos nossos. O soalho range,
apenas se ouve os meus pesados passos. Silêncio absoluto. As lágrimas teimam em
cair. Não consigo evitar. Contigo era tudo e agora, sem ti, sou nada. Coração
vazio.
Posso
pedir-te uma coisa? Enquanto estiver vivo, cuidas de mim, como sempre fizemos?
Mesmo longe podes fazer-me sentir perto de ti? Não te esqueças de mim. Isto não
é uma despedida, é um até já. Esperas por mim? Esperas?
quarta-feira, 20 de abril de 2016
"Politiquices" de esquerda
As últimas notícias dão-nos conta de mais uma medida política que merece reflexão, não porque seja deveras importante em si mesma, mas porque lhe estão a dar esse destaque. Em causa está a proposta do Bloco de Esquerda na alteração do nome do Cartão de Cidadão. Em vez deste nome, deveria ser, segundo eles, adotado a designação de "Cartão de Cidadania".
Quando ouvi falar sobre esta medida, confesso que a primeira palavra que me veio à mente foi "ridículo". Fiquei surpreendida por uma medida destas sequer ter estado em discussão no Parlamento. É algo tão insignificante. No entanto, o Bloco de Esquerda acha que é muito mau chamar-se "Cartão de Cidadão", porque se trata de um documento de identificação. Por isso, não pode ter uma formulação masculina, pois assim existirá discriminação em relação às mulheres, indo portanto contra a igualdade de direitos de ambos os sexos.
Mas o que é que isso vai mudar efetivamente na vida dos portugueses ou na sua mentalidade? Isto é o que é fundamental refletir. Numa sociedade, passa-se por um processo de mudança de mentalidades que vai ocorrendo ao longo dos tempos. Esse processo não é nada fácil e é, aliás, bastante demorado. Ora, não é com uma simples medida destas que se vai findar a discriminação que as mulheres continuam a sofrer. Para quê mudar o nome de algo, quando não se muda, de todo, o que os indivíduos pensam sobre determinado assunto?
Devia-se, obviamente, passar das palavras às ações. Depois de esta medida ser aprovada, tudo continuará igual, à exceção da ilusão momentânea que os membros do Bloco de Esquerda querem fazer passar: que vamos ter uma sociedade mais justa e igualitária, que promove a não discriminação das mulheres. Assim, sentirão a satisfação de dever cumprido! (Pensando que fizeram realmente uma grande coisa). Como se isso resolvesse problemas realmente graves, por exemplo a violência doméstica que muitas mulheres sofrem, grande parte delas em silêncio, desejando ter uma maior proteção legal, mas que chega tarde ou nem sequer chega. Continua a ser-se demasiado brando com quem maltrata as mulheres, com quem as trata como objeto sexual, etc., achando que elas são inferiores. O elo mais fraco. Soluções reais para este tipo de problemas os deputados não resolvem. Apenas andam, muitas vezes, com "politiquices" que nada melhoram a qualidade de vida dos portugueses, nem nomeadamente das mulheres. Muitas palavras, muita teoria, mas pouco se vê na prática, em ações realmente decisivas para a mudança da vida em sociedade, a vários níveis.
Não seria mais importante preocuparem-se com este tipo de assuntos referidos anteriormente ou com a educação e a saúde que necessitam de reformas estruturais, em vez de avançarem com "propostazinhas" que não deveriam passar de conversa de café, em vez de ser discutidas na Assembleia da República?
Realmente, perdendo o rumo do que é essencial, dispersando-se por caminhos irrelevantes, torna-se difícil melhorar o estado do país e promover, consequentemente, o progresso e o bem-estar social. Enfim...
Não seria mais importante preocuparem-se com este tipo de assuntos referidos anteriormente ou com a educação e a saúde que necessitam de reformas estruturais, em vez de avançarem com "propostazinhas" que não deveriam passar de conversa de café, em vez de ser discutidas na Assembleia da República?
Realmente, perdendo o rumo do que é essencial, dispersando-se por caminhos irrelevantes, torna-se difícil melhorar o estado do país e promover, consequentemente, o progresso e o bem-estar social. Enfim...
quarta-feira, 13 de abril de 2016
Medo de mudar
Olho-me ao espelho… como estou diferente! Como está diferente o mundo…
Muitas
transformações ao longo dos tempos… mudaram as mentalidades, os hábitos, os
objetivos de vida. Acabaram-se com alguns paradigmas, dogmas – verdades
inquestionáveis, que eram os pilares do conhecimento da vida e da sociedade.
Exatamente…
mudança! Esta é a palavra-chave para a inovação, para fazer do impossível
possível, para construir a felicidade. A mudança é algo intrínseco às nossas
vidas. Muitas vezes não podemos simplesmente decidir não mudar. Existe todo um
conjunto de transformações biológicas que nos estão associadas. Por isso, a
única solução é adaptarmo-nos à realidade.
Com a mudança
aparece o medo. Medo de tomar as decisões erradas, medo de desiludir os outros
e a nós próprios, por não conseguirmos concretizar o que era suposto.
Como temos medo
de mudar, refugíamo-nos, ignoramos as oportunidades que surgem entretanto, que
acarretam escolhas da nossa parte e mais tarde ou mais cedo não as podemos
evitar: temos de tomar uma decisão. E aí, aparecem as ideias ambíguas, questões
antagónicas, que nos fazem refletir que passo dar. Muitas vezes, amarram-nos os
pés, enlameando-os na escuridão da insegurança e da incerteza!
A escolha começa
a ser cada vez mais difícil e, para aguentar o embate que uma possível queda
possa causar, construímos “abrigos” para nos sentirmos protegidos, para
pensarmos que se alguma coisa correr mal temos uma saída. Dizemos isso a nós
próprios para nos sentirmos melhor e mais confortáveis com a futura decisão. A
verdade é que é difícil voltar à realidade existente antes desta, o que
significa que é fundamental existir ponderação. Devemos, então, considerar os
prós e os contras de cada escolha, para assim chegar à conclusão do rumo a
seguir.
Não vale a pena
adiar ou recusar estas importantes decisões. Para que evitar fazer escolhas,
fugir das oportunidades, só por ter medo de arriscar e/ou sofrer as
consequências? Acabamos por desperdiçar momentos que nos conduziam àquilo que
ambicionámos, mas que desistimos por medo de falhar ou de não corresponder às
nossas expetativas…
Fechamos a porta
que nos leva à saída de um estado de inércia associado à vida que levamos e o
arrependimento acaba por surgir, porque outrora persistiu a fraqueza… sim, fracos
por insistirmos em não mudar, ignorando a possibilidade de subir a escada para
a felicidade!
sábado, 9 de abril de 2016
Amor discreto
O tempo pára e
eu nem dou conta, inebriada pelo teu cheiro, pela sumptuosidade do teu olhar,
pelos detalhes que possivelmente mais ninguém repara, a não ser eu. Não resisto
em olhar para ti quando estás no mesmo espaço. É inevitável! Sou fraca nesse
aspeto. Fraca o tempo todo, quando olho sorrateiramente para ti sem dizer uma
única palavra, apenas mostrando um sorriso. Envergonhado, mas apaixonado.
Não percebes
que te olho. Há distrações que nos afastam, que tendem a levar-te para outro caminho,
longe de mim. O sorriso desaparece instantaneamente como se só a tua presença
me fizesse feliz. Espera… sim tu és a única pessoa que me deixa com um sorriso.
Sem ser estes momentos volto à monotonia que é a minha vida, emaranhada em
imensos afazeres sem lugar para deixar o pensamento fluir e o coração bater
desalmadamente.
Continuo com a
busca excessiva por respostas para as infindáveis questões que me atormentam
quando o assunto sou eu, ou tu, ou nós. Na minha cabeça existe um nós. Porém, não passa de uma fantasia minha para curar a queda dos mil pedaços do meu
coração, que apenas colavam quando era criança. Porque era inocente. Não sabia
o que era o amor, nem o sofrimento. Quase nada na verdade sabia. Apenas que era
feliz, sem sequer saber o que era a felicidade. Felicidade completa, eu diria, no
meio da minha antiga ingenuidade. Respostas simples surgiam na minha mente
facilmente. "A vida é mais fácil do que pensamos. Estúpida ideia dos adultos em
complicar, em fazer de tudo um drama!"
Para
a minha situação, eu diria que é… bem… complicado. Se não estou contigo, mas o
sentimento continua a ser grande, é complicado. Se me desses uma oportunidade
seria… sei lá… complicado! Não saberia como reagir, como lidar com uma nova
fase, com uma nova pessoa na minha vida. Mas ao mesmo tempo, voltar a não te
ter por perto, perder-te, seria… complicado! Tenho de começar a aprender a
lidar com o que é complicado, definitivamente. Tentar descomplicar. A “nossa”
situação até é simples: eu estou apaixonada por ti e tu nem reparas nesse amor.
Distraído, ocupado com outras pessoas e outras coisas.
Egoísta.
Tenho de parar de ser tão egoísta também! Desculpa-me, mas a ideia de não te
ter só para mim sufoca-me. Não te quero deixar ir. Quem serei eu depois disso?
Volto a olhar para ti. O ritmo
frenético do meu coração denuncia o meu estado de espírito, mas o controlo é
maior. Disfarce momentâneo da alma inquieta, desafiadora, que tendem a buscar o inalcançável. O teu amor.
terça-feira, 5 de abril de 2016
És o meu porto de abrigo
Eu
caminhava pela areia, chegavas tão perto de mim, como sempre estiveste, dentro
de mim.
Eu estava sozinha, eras só tu e
eu. As lágrimas teimavam em cair pela minha face, marcada pelo sofrimento de
não ver quem amava, porque tu me roubaste a outra parte de mim, uma parte do
meu ser. Porquê, ó mar, porque tinhas de me fazer sofrer? Não bastava a minha
amargura por ver que ias afastar as pessoas que amo.
Agora, sentada na areia recordo estes momentos que percorrem o meu coração. Tento encontrar uma solução para tal sofrimento, olhando no horizonte, um novo futuro.
Essa imensidão que és deixa-me feliz... Sei que nunca vais ter um fim. Apesar de tudo nunca me vais abandonar quando precisar de chorar, de rir ou simplesmente pensar. Sei que vais estar sempre aí, em silêncio para me transmitir calma, mas também tempestades quando precisar de desafios.
Agora, sentada na areia recordo estes momentos que percorrem o meu coração. Tento encontrar uma solução para tal sofrimento, olhando no horizonte, um novo futuro.
Essa imensidão que és deixa-me feliz... Sei que nunca vais ter um fim. Apesar de tudo nunca me vais abandonar quando precisar de chorar, de rir ou simplesmente pensar. Sei que vais estar sempre aí, em silêncio para me transmitir calma, mas também tempestades quando precisar de desafios.
Dás-me vida, dás-me
alegria, fazes-me pensar nos bons, mas também nos maus momentos. Sinto-me livre
como gaivotas que percorrem a areia e voam em busca da felicidade. Quero ser
assim como elas, livre, sem medo e voar sem impedimentos. Afinal a vida deve
ser assim: uma imensidão de sonhos e pensamentos, sorrisos e emoções.
Ó tu, ó mar, que me tornaste assim, na pessoa que sou, na paixão que tenho, na saudade e no amor que bate no coração. Tu delineias os meus passos, aclaras o que está escuro dentro de mim, tornando-me mais feliz. Junto a ti, sou eu agora, a menina inocente que viste nascer no teu ventre, que depois de uma grande fase se transformou numa mulher.
Ó tu, ó mar, que me tornaste assim, na pessoa que sou, na paixão que tenho, na saudade e no amor que bate no coração. Tu delineias os meus passos, aclaras o que está escuro dentro de mim, tornando-me mais feliz. Junto a ti, sou eu agora, a menina inocente que viste nascer no teu ventre, que depois de uma grande fase se transformou numa mulher.
Trazes alguma nostalgia pelas
vidas que roubaste, lágrimas de saudade que deixaste, sorrisos que se perderam
e feridas que ficaram…
És tu mar, és tu que jazes no
interior do meu ser!
sábado, 2 de abril de 2016
Temi (...)
Olhos nos olhos, frente a frente
Temi por mim, por ti
Pelas sensações e emoções que poderíamos sentir
Temi vir a ser refém do teu amor, de ti.
A brutalidade do teu olhar
O silêncio constrangedor que se fez sentir
O vazio, temi pelo vazio
Porque sem ti, sou alma vazia, completamente perdida.
terça-feira, 29 de março de 2016
Labirinto das vãs memórias
Labirinto das vãs memórias. Elas, as memórias, tendem a
permanecer... mesmo as más, as que não trazem felicidade de todo. Diria que são
inúteis porque resultam em mágoas... mas quem sou eu para julgar o que quer que
seja. Não decido o que passa pela minha mente. Sou um ser passivo nesse aspeto.
Por mais que a queira controlar, não consigo. Acabo por pensar no que não devia
nem queria. Apagar essas memórias seria o melhor. Parece que estou no meio de um labirinto. Elas fazem com que
carreguemos o passado mais do que queríamos. Por vezes são aquela pedra no
sapato que nos está a incomodar, que não nos faz seguir em frente.
No entanto, os momentos contigo não posso apagar.
Eles fazem-me feliz, mesmo aqueles que até não foram muito bons, porque acima
de tudo lembro de ti e isso, compensa muito, definitivamente!
domingo, 27 de março de 2016
Crítica a "Auto da Índia" de Gil Vicente
O “Auto da Índia” é uma obra de Gil Vicente,
que tal como os vários autos que escreveu, pretendia mostrar vários problemas
da sociedade da época. Nesta obra, é evidenciado o adultério que as esposas cometiam
quando os maridos estavam nos mares, na época dos Descobrimentos.
Gil Vicente, neste
obra, assim como em outras, desenvolvia o conceito de personagens-tipo, isto é,
personagens que propositadamente tinham um determinado tipo de comportamento que
ilustrava um tipo de pessoas da sociedade em causa, com determinadas caraterísticas, normalmente criticadas direta ou indiretamente pelo dramaturgo.
Tudo se desenrola à volta da Ama pois é ela é
falsa e leviana e engana toda a gente. Contrariamente, a moça é uma pessoa
sensata e amiga e, ao longo da obra, é ela que avisa a sua patroa que o marido
foi mesmo em viagem e quando é o seu regresso. O Castelhano e o Lemos são ambos
personagens que mostram a sua baixa classe social, mas mais que isso, a sua
pequenez. Queriam mostrar que eram ricos para impressionar e seduzir a Ama, mas
esta engana-os tal como ao marido. O marido representa os homens enganados
pelas suas mulheres que aproveitavam a sua ausência para os adulterar.
Gil Vicente queria
mostrar que por detrás da glória e da fachada épica da expansão
ultramarina, era já possível perceber as profundas alterações, nem todas
positivas, que essa expansão estava a provocar na sociedade portuguesa, no
século XVI. O objectivo de Gil Vicente não era punir o adultério, mas sim
preveni-lo.
O
dramaturgo satirizava a situação económica e política criada pela expansão que
favoreciam o adultério, os homens ingénuos que eram enganados pelas suas
mulheres, o materialismo da sociedade e a importância das aparências. Para dar
um ar mais cómico Gil Vicente utilizou os três tipos de cómico: o cómico de
situação, o cómico de linguagem e o cómico de carácter.
É
possível estabelecer um paralelismo entre a sociedade da época e a atual, daí
ser enriquecedor ler este tipo de obras. De facto, saliente-se as críticas
lançadas por Gil Vicente, nomeadamente, como dito anteriormente, a sociedade
materialista, baseada em aparências que mostram o deterioramento desta. A maior
parte das carateristicas negativas realmente não sofreram mutações ao longo dos
tempos, estando longe do que é a boa moralidade.
Por isso, estes temas, assim como esta obra perpetuam-se
no tempo, isto é, são intemporais.
sexta-feira, 25 de março de 2016
Sem ti...
Sinto a tua falta, o teu sorriso e a tua alegria.
Sem ti o meu mundo é apenas uma nuvem muito escura que assombra os meus dias. O teu abraço que me reconfortava era o que mais me fazia feliz.
Sem ti o meu mundo é apenas uma nuvem muito escura que assombra os meus dias. O teu abraço que me reconfortava era o que mais me fazia feliz.
Agora sou um
fantasma que vagueia pelo mundo, deambula em pensamentos, mas não sente
qualquer alegria, qualquer emoção nem vontade de sorrir.
Amanhece sem te ver, anoitece sem te ver… porque não estás aqui comigo? Tu mudaste a minha vida! Só queria que voltasses… queria que fosses meu outra vez.
Onde estás? Procuro-te, ainda não perdi a esperança de te encontrar, de te ter nos meus braços, sentir o teu cheiro e os teus lábios…
Afinal, depois de uma busca exaustiva… não consigo encontrar-te! Porque é que a minha vida se tornou assim? Um livro sem nada escrito, sem capítulos, sem história? Tudo porque tu eras a personagem principal, tu e eu escrevíamos a história.
Agora, penso nos momentos que passámos. Nada é igual desde que partiste, tudo perdeu a cor, o sentido e a dor de não te ter comigo permanece, como uma enorme ferida que não irá sarar.
Não sei o que fazer, como vou esconder as feridas que tenho no meu corpo e na alma. Quero desaparecer… só tu me fazes feliz, sem ti não sou nada.
Amanhece sem te ver, anoitece sem te ver… porque não estás aqui comigo? Tu mudaste a minha vida! Só queria que voltasses… queria que fosses meu outra vez.
Onde estás? Procuro-te, ainda não perdi a esperança de te encontrar, de te ter nos meus braços, sentir o teu cheiro e os teus lábios…
Afinal, depois de uma busca exaustiva… não consigo encontrar-te! Porque é que a minha vida se tornou assim? Um livro sem nada escrito, sem capítulos, sem história? Tudo porque tu eras a personagem principal, tu e eu escrevíamos a história.
Agora, penso nos momentos que passámos. Nada é igual desde que partiste, tudo perdeu a cor, o sentido e a dor de não te ter comigo permanece, como uma enorme ferida que não irá sarar.
Não sei o que fazer, como vou esconder as feridas que tenho no meu corpo e na alma. Quero desaparecer… só tu me fazes feliz, sem ti não sou nada.
quarta-feira, 23 de março de 2016
Europa amedrontada
Bem... sei que todos já devem estar um pouco fartos de ouvir falar em terrorismo e todos os comentários e "tertúlias" televisivas sobre o assunto, mas de facto, este tema é interessante e muito atual. Mas mais importante que isso, é refletir sobre os crescentes problemas que têm surgido e surgirão nos próximos tempos até que se consiga resolver isto (se é que se vai conseguir resolver). Os casos são mais que muitos: o massacre do Charlie Hebdo no ano passado, o atentado em Paris e agora em Bruxelas, já para não falar nos atentados que ocorreram nos últimos anos.
É necessário também, pensar no conceito de liberdade de expressão que está intimamente relacionado com estas situações. Deixo aqui então, um artigo de opinião que escrevi sobre este assunto.
Atualmente
muito se fala em liberdade, nomeadamente liberdade de expressão, tanto é que
muitos acham que podem dizer tudo o que pensam, mesmo não respeitando as
diferentes crenças e opiniões que outros têm.
Porquê falar agora deste tema?
Porque há factos relativamente recentes que o justificam, por exemplo o
conflito que ocorreu no dia 7 de Janeiro de 2015, entre jornalistas do jornal
satírico Charlie Hebdo e alguns terroristas islâmicos. Estes últimos agiram a
pretexto de vingar o profeta Maomé, alvo frequente das publicações deste
jornal.
Apesar das muitas manifestações
de repúdio ao ato terrorista, o atentado também acabou por provocar uma
polémica sobre liberdade de expressão. Para alguns, ela deve ser geral e
irrestrita, pois, se houver limites, não existirá liberdade de facto. Outras,
como eu, consideram que há temas como a religião que devem ser preservadas,
pois o direito de se expressar livremente não inclui a possibilidade de
ofender. Além disso, a liberdade tem de coexistir com responsabilidade.
A liberdade é um bem precioso
mas tem limites e, a verdade é que a esmagadora maioria deles são impostos por
aqueles que defendem a liberdade sem limites, quando são as suas crenças e
opiniões que estão em causa.
Nesse sentido, é necessário
dizer que Charlie Hebdo não reconhecia limites para insultar os muçulmanos,
mesmo que muitos cartoons fossem
propaganda racista e alimentassem ódio aos islâmicos, que estão instalados na
Europa também. Devemos, pois, refletir sobre as contradições e assimetrias na
vida baseada nos valores que cremos serem universais.
Seguidamente, fale-se do atentados que
se seguiram: o de Paris e o de Bruxelas. O de Paris parece-me que surpreendeu
quase toda a gente, porque já se tinha passado alguns meses desde o Charlie
Hebdo, que para muitos tinha sido um caso pontual. No entanto, este foi só o início de muito que entretanto aconteceu e está para acontecer. Nos últimos
dias, mais um, quando a Europa já estava mais sossegada.
Cada vez mais se vive num clima
de insegurança e medo. A incerteza está no meio de nós. Não sabemos o que virá
a seguir. Sabemos, no fundo, que irá existir mais ataques, que a Europa está em
declínio.
Os valores humanistas estão em
causa devido aos extremistas que não respeitam opiniões, crenças e modos de
vida dos ocidentais e pior, tendem a obrigar-nos não só a compreende-los, como
a fazer-nos seguir as suas ideias, independentemente da história, cultura e
religião que temos há imensos séculos.
Portanto, a questão que se prende
é: “devemos nós, europeus, continuar com a mesma solidariedade que nos
carateriza, promovendo a estabilidade e o bem-estar social?” A resposta a esta
pergunta é, de facto, complexa. Não existir tanta solidariedade, livre
circulação de pessoas e bens, estar-se-ia a ir contra os valores patentes cá desde,
principalmente, o início da União Europeia. Se deixasse de existir livre
circulação, também nós seríamos prejudicados. Mas o que todos temos de
concordar, é que assim também não podemos continuar. Existem falhas de
segurança e políticas que se tornam incipientes, resultando da falta de organização europeia
juntamente com a perspicácia da Daesh.
Muitos apontam os refugiados
como causa para o flagelo que é o terrorismo. Parece-me injusto que se
generalize. Nem todos os
refugiados vêm para os países europeus para causarem conflitos e/ou para
“nos obrigarem” a mudar os nossos valores e tradições. Muitos apenas procuram
uma melhor vida. Não é de todo correto culparmos pessoas que estão a tentar
alcançar melhores condições de vida. Indivíduos que na maior parte das vezes
não tem culpa de onde têm vivido.
No entanto, com esta
solidariedade estamos mais sujeitos a que indivíduos perigosíssimos, entrem
quase livremente cá. Eles planeiam meticulosamente e nós apenas nos organizamos
melhor quando os atentados já aconteceram. Pensamos sempre que tudo vai
acalmar, que vamos viver melhor. Estamos apenas a tentar sentir-mo-nos mais
seguros, tentando esquecer a gravidade destas situações. Ignorando aquilo que nos aflige.
Neste sentido, o contexto em que
os crimes ocorreram diverge em duas teses, nenhuma delas, favorável à construção
de uma Europa multicultural. A mais radical é fortemente islamofóbica e
anti-imigrante. Defende que os inimigos da nossa civilização estão entre nós,
odeiam-nos e, por isso, só se resolve o problema se nos virmos livres deles. A
outra tese é da tolerância. Segundo alguns, estas populações são muito
distintas de nós, são quase como um fardo, mas temos de as “aguentar” até
porque nos são úteis, No entanto, só o devemos fazer se elas forem moderadas e
assimilarem os nossos valores.
Mas quais são afinal os “valores ocidentais”?
Depois de muitos séculos de atrocidades cometidas em nome deles dentro e fora
da Europa – Inquisição, violência colonial, guerras mundiais, etc. – exige-se
algum cuidado/atenção e muita reflexão sobre o que são esses valores e, por que
razão, dependendo dos contextos, ora se afirmam uns, ora se afirmam outros.
Assim, agora é necessário
reformular as políticas europeias em relação a este assunto, que não têm funcionado muito
bem. Pelo menos, mais países unidos, por um mesmo fim, ajuda a combater a
ferocidade do Estado Islâmico, que tem cada vez mais amedrontado os ocidentais
que não sabem muito bem como reagir. É necessário uniformidade, isto é,
trabalharmos como um todo, promovendo a justiça e o bem-estar social!
segunda-feira, 21 de março de 2016
Dia da poesia
Sendo hoje dia da poesia, nada melhor que um poema de um dos maiores poetas portugueses: Fernando Pessoa. Neste caso, a escolha recai sob um dos seus heterónimos - Álvaro de Campos.
Que Noite Serena!
Que noite serena!
Que lindo luar!
Que linda barquinha
Bailando no mar!
Que linda barquinha
Bailando no mar!
Suave, todo o passado — o que foi aqui de Lisboa — me surge...
O terceiro andar das tias, o sossego de outrora,
Sossego de várias espécies,
A infância sem futuro pensado,
O ruído aparentemente contínuo da máquina de costura delas,
E tudo bom e a horas,
De um bem e de um a horas próprio, hoje morto.
Meu Deus, que fiz eu da vida?
Que noite serena, etc.
Quem é que cantava isso?
Isso estava lá.
Lembro-me mas esqueço.
E dói, dói, dói...
Por amor de Deus, parem com isso dentro da minha cabeça.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Breve análise
Neste poema, o sujeito
poético recorda nostalgicamente o tempo de infância e compara-o ao momento
presente em que vive.
Assim, o eu poético, na segunda estrofe, evidencia
como vivia antigamente em Lisboa, onde existia sossego e felicidade, sem
existir grandes preocupações que se têm quando se chega à fase adulta.
Além disso, o eu lírico relembra a sua vida
quotidiana, por exemplo o constante ruído da máquina de escrever das tias.
No entanto, o sujeito lírico tem noção que está a
viver o presente e que o passado já mais não volta. Por isso, questiona-se
sobre o percurso da sua vida, uma vez que a felicidade que existia na infância
transformou-se em mágoa, desilusão e tristeza. A comprovar esta ideia, recorre-se aos últimos versos como “e dói, dói, dói…”
Nesse sentido, no último verso, o sujeito poético não
quer mais recordar para não aumentar o seu sofrimento. Se não se lembrar, não se
sente tão frustrado e deprimido por não poder mais reviver a época da
inconsciência, ingenuidade e verdade.
domingo, 20 de março de 2016
Não esqueço!
Não esqueço o olhar, que tanto dizia sem serem precisas palavras. As noites em vão a pensar consecutivamente em ti. Agora que olho para trás,apercebo-me do quanto dependia de ti, mas não me arrependo porque naquele momento, naqueles meses, naquelas horas foste exatamente o que procurava, o que precisava, o que desejava e amava. Nada de arrependimentos, talvez uma réstia de pena do que podia ter sido vivido e tantas vezes foi adiado. Pena das 1001 oportunidades que tivemos para sermos felizes e simplesmente desperdiçámos. Pena, tanta pena mas jamais arrependimento. Hoje a conclusão que tiro de tudo isto é que tudo serviu de lição, acredita e que nos sirva de exemplo para futuramente, na próxima oportunidade com outro alguém não falharmos, ou pelo menos não falharmos tanto. Fomos exemplo, fomos desassossego, fomos tanto e nada ao mesmo tempo, fomos verdades e consequências, fomos certeza e por isso mesmo te digo com toda a convicção que te quis tanto, lutei tanto, estava tão presa a ti mas no final tu é que me perdeste.
sábado, 19 de março de 2016
Dedica-te ao ambiente!
Hoje, além de dia do pai, é dia de dedicar uma hora ao
Planeta Terra.
A iniciativa desenvolvida por “Hora do Planeta” propõe que toda
a gente faça hoje um pequeno sacrifício e apague as luzes às 20.30H. O
movimento é global, devido aos graves problemas ambientais que têm surgido nos
últimos anos.
De facto, os constantes aumentos ou diminuições de
temperatura devem-se, em parte, ao descuido do ser humano em relação ao meio
ambiente. Somos preguiçosos em muitos assuntos e este não seria exceção.
Esquecemo-nos ou não queremos fazer reciclagem, deitamos
coisas no chão por preguiça de andarmos uns metros para pô-las no lixo, desperdiçamos
muita água, comida… enquanto outros nem sequer as têm! Trata-se de necessidades
básicas que nem toda a gente satisfaz. No entanto, nós além de termos acesso a
tudo e mais alguma coisa e ainda temos o descaramento de sermos ingratos pela
vida e as coisas que temos.
Não está certo… não é justo, de todo!
Todos vamos sofrer as consequências da poluição do meio
ambiente, por exemplo através do aquecimento global, que toda a gente sabe o
que é, mas a maioria não dá importância.
Depois existem fenómenos naturais que surgem principalmente
devido a este. Quando isso acontece, há vítimas pelo meio, mas adivinhem…
muitas delas até eram culpadas, porque foram inconscientes, preguiçosas e
inconsequentes! O que aconteceu foi que, tiveram azar de estar no local errado,
à hora errada. Fala-se disso durante uns dias e tudo volta a ser o que era
antes. Ninguém se volta a lembrar até acontecer outra calamidade. As pessoas têm
mesmo memória curta, incrível!
Respeita profundamente o ambiente! Cumpre com o teu dever!
Afinal este é o teu lar!
sexta-feira, 18 de março de 2016
O sentido das palavras
Existe sempre aqueles momentos em que discutimos sem motivo, choramos
porque estamos confusos sem saber o que pensar ou o que sentir. As palavras,
por vezes inúteis que proferimos magoam alguém, mesmo quando não era essa a
nossa intenção. Palavras vãs num mar de desilusões…
Por outro lado,
nem sempre as palavras causam um impacto negativo em nós. Há palavras que nos
fazem sorrir, que nos deixam com um “sorriso de orelha a orelha”, que nos
deixam felizes. Essas palavras podem ser um reconforto depois de um momento
difícil… juntas podem melhorar o nosso estado de espírito, mais do que qualquer
outra coisa.
Quantas vezes
imaginamos ou recordamos um momento da nossa vida, que já ocorreu ou que
gostaríamos que acontecesse? Pensamos tudo ao pormenor, com as palavras certas…
porque tudo tem que ser perfeito! Por vezes, as palavras mais simples marcam
mais do que um discurso preparado e eloquente, porque as palavras mais
verdadeiras são aquelas que vêm de dentro do coração, por isso são as mais
emotivas.
As palavras de
quem amamos são tão importantes… podem mudar tudo. Um simples “amo-te” ou
“adoro-te”, faz toda a diferença. Apazigua-nos a alma, a dor sentida, a mente
em constante atividade, porque dão outro sentido à vida.
Toda a gente gosta de ouvir palavras bonitas do seu amado/a, principalmente nos momentos de nostalgia, quando não nos apetece falar com ninguém, apenas com essa pessoa porque é a única ou das poucas que nos compreende, que sabe utilizar as palavras certas nos momentos certos, que nos faz sentir melhor, que nos faz sorrir…
Toda a gente gosta de ouvir palavras bonitas do seu amado/a, principalmente nos momentos de nostalgia, quando não nos apetece falar com ninguém, apenas com essa pessoa porque é a única ou das poucas que nos compreende, que sabe utilizar as palavras certas nos momentos certos, que nos faz sentir melhor, que nos faz sorrir…
Escrito por Patrícia Oliveira
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